“Agora entendo que a caridade perfeita consiste em suportar as faltas dos outros, não se surpreender com sua fraqueza, em edificar os menores atos de virtude que os vemos praticar.”
JESUS EUCARISTIA NO CENTRO DA SUA EXISTÊNCIA
“Ah! Como foi doce o primeiro beijo de Jesus à minha alma.” Assim Teresa narra o dia da sua primeira comunhão. O beijo místico de Jesus. Momento profundo, marcante para seu coração de criança que se sentiu inundado pela presença de Jesus. “Naquele dia não era mais um olhar, mas uma fusão, não eram mais dois, Teresa havia sumido como gota d’água que se perde no oceano.” Seu coração desejava ardentemente receber Jesus e, ainda sem idade para a recepção desse Sacramento, ela ansiava por ele. Para Teresa, receber Jesus é estabelecer com Ele relação de amor, de entrega e de confiança. «Inseparável do Evangelho, a Eucaristia é para Teresa o Sacramento do Amor Divino que se abaixa ao extremo para se elevar até Ele.» “Não posso temer um Deus que para mim se fez tão pequenino! (…) Eu o amo! De fato, Ele mais não é do que Amor e Misericórdia!”
DEIXOU-SE CONDUZIR POR DEUS ÀS PROFUNDEZAS DO SEU MISTÉRIO
«Teresa é um dos pequeninos do Evangelho que se deixam conduzir por Deus às profundezas do seu Mistério. Com a humildade e a caridade, a fé e a esperança, Teresa entra continuamente no coração da Sagrada Escritura que encerra o Mistério de Cristo. E esta leitura da Bíblia, alimentada pela ciência do amor, não se opõe à ciência acadêmica. De fato, a ciência dos santos, da qual ela mesma fala na última página da História de uma alma, é a ciência mais nobre: “Todos os santos o compreenderam e de modo mais particular talvez os que encheram o universo com a irradiação da doutrina evangélica. Não é porventura da oração que os Santos Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco, Domingos e muitos outros ilustres Amigos de Deus se inspiraram nesta ciência divina que fascina os maiores génios?”». No Evangelho, Teresa descobre sobretudo a Misericórdia de Jesus. “Um só olhar ao Santo Evangelho, imediatamente respiro os perfumes da vida de Jesus e sei para onde correr… Não é para o primeiro lugar, mas para o último que me oriento.”
PATRONA DAS MISSÕES
Santa Teresinha do Menino Jesus tinha um ardente desejo missionário e disse que entrou no Carmelo para salvar almas. E assim o foi, a ponto de ser proclamada padroeira das missões. O próprio Jesus lhe mostrou como haveria de viver essa vocação: «praticando em plenitude o mandamento do amor, haveria de imergir-se no coração mesmo da missão da Igreja, sustentando os anunciadores do Evangelho com a força misteriosa da oração e da comunhão». Com seu empenho pessoal ela apoiou o trabalho apostólico dos padres missionários Maurício Bellière e Adolfo Roulland, um na África e outro na China. No seu impulso de amor pela evangelização, Teresa só tinha um ideal: “O que Lhe pedimos é para trabalhar pela Sua glória, amá-Lo e fazer com que seja amado”.
INFÂNCIA ESPIRITUAL
Santa Teresinha do Menino Jesus, tendo absorvido profundamente a doutrina evangélica, traduziu-a na prática da vida quotidiana: com palavras e exemplos ela ensinou aos noviços de seu mosteiro este caminho de infância espiritual e a todos os outros através de seus escritos. Que esse desejo se instale em nossos corações, de praticar esta infância espiritual, que consiste nisto: que tudo o que a criança pensa e faz por natureza, também nós pensemos e façamos pelo exercício da virtude. No caminho da infância espiritual está o segredo da santidade para os fiéis do mundo inteiro. É a “pequena via” de Santa Teresinha, que consiste em tudo fazer com humildade e amor.
AMOR
“A caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem um coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações… Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor!” A caridade é a expressão da alegria profunda de Santa Teresinha: “Jesus, a minha alegria é amar-Te”. Vivendo o maior amor nas menores coisas da vida quotidiana, Teresa realiza a sua vocação de ser o Amor no coração da Igreja. As últimas palavras da Santa – “Meu Deus, amo-Te!” – são a chave de toda a sua doutrina e mostra como era o contínuo respiro de sua alma. A vida quotidiana é feita de mil pequenos gestos, dificuldades, pequenos sacrifícios, tantas oportunidades de manifestar o nosso amor ao Senhor e aos que nos rodeiam. Teresa nos convida a não perder nenhuma dessas oportunidades: “Jesus não olha tanto para a grandeza das ações, nem mesmo para a dificuldade delas, como para o amor que as faz acontecer”.
CONFIANÇA
Santa Teresinha nos oferece o caminho da confiança, do abandono da criança que adormece sem medo nos braços do Pai. Ela faz tudo ao seu alcance, mas espera tudo de Deus para levar a bom termo a obra. “Só a confiança conduz ao amor.” Este caminho passa pelas pequenas coisas da vida cotidiana: Teresa está atenta à extraordinária presença de Deus que se doa a nós no momento presente. A presença do amor a move para frente sem medo. Em suas tentações contra a fé, ela opta por acreditar e se abandona com confiança nos braços do Pai. Ela nos convida a nos abandonarmos com confiança no Amor infinito e misericordioso de Deus. Todos podem seguir este pequeno caminho, é a santidade ao alcance de todos: “A santidade não está nesta ou naquela prática, consiste numa disposição do coração que nos torna humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes da nossa fraqueza e confiantes mesmo ousando na sua bondade de pai.”
MISERICÓRDIA
Num momento marcado pela representação de um Deus de justiça e pelo temor do juízo, Santa Teresinha nos lembra que Deus é, antes de tudo, misericordioso, um Pai cheio de ternura pelos seus filhos, especialmente pelos pequenos, aqueles que se reconhecem como pobres e desamparados. Para ela, as falhas são apenas uma oportunidade de confiar nEle: “A memória das minhas falhas humilha-me, leva-me a nunca mais apoiar-me na minha força que é só fraqueza, mas mais ainda nesta memória, fala-me de misericórdia e amor.” Esse senso de misericórdia é crucial nos últimos meses de sua vida, quando ela passa pela provação da noite da fé. Durante esse período, ela é assaltada por tantas tentações que compreende melhor pelo que passam os maiores pecadores. No entanto, ela nunca para de acreditar na infinita misericórdia de Deus para aqueles que voltam para Ele. Sua última carta, ao Padre Bellière, em agosto de 1897, termina com estas palavras: “Não posso temer um Deus que se fez tão pequeno por mim … Eu o amo! … Pois ele é apenas amor e misericórdia!”
Tudo por Jesus, nada sem Maria
DUC IN ALTUM:
Homilia da missa de canonização de Santa Teresinha do Menino Jesus
Audiência Geral – Papa Bento XVI – 06.04.2011
Site do Carmelo de Lisieux
Homilia do Papa João Paulo II quando Santa Teresinha se tornou Doutora da Igreja