“… Senti o olhar de Deus na minha alma, que me encheu de amor inconcebível, mas compreendi que o Senhor estava olhando com amor para as minhas virtudes e esforços heroicos; soube que é isso que atrai Deus ao meu coração. Compreendi que não é suficiente que eu busque apenas as virtudes comuns, mas que procure exercitar-me nas virtudes heroicas. …” (Diário, n.758)
Em meio ao caos vivido entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, a mensagem de misericórdia do Senhor anunciada por Santa Irmã Maria Faustina surge para reanimar os corações sofridos e sem esperança. Nessa situação de aflição e incerteza, uma voz se levanta como um farol: “Diz à humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso Coração, e Eu a encherei de paz”. E essa mesma voz ainda acrescenta: “Consomem-Me as chamas da misericórdia; desejo derramá-las sobre as almas humanas. Oh! que grande dor Me causam, quando não querem aceitá-las!”. São estas algumas das revelações que, para demonstrar seu incomensurável amor por uma humanidade que parece tê-Lo esquecido, fez Nosso Senhor a uma alma simples e despretensiosa chamada a ser Apóstola de sua Divina Misercórdia: Santa Maria Faustina Kowalska. “No Antigo Testamento, Eu—enviava profetas ao Meu povo com ameaças. Hoje estou enviando-te a toda a humanidade com a Minha misericórdia. Não quero castigar a sofrida humanidade, mas desejo curá-la, estreitando-a ao Meu misericordioso Coração“, (Diário, 1588).
A CONQUISTA DAS VIRTUDES
“Desejo, minha filha caríssima, que te exercites em três virtudes, que Me são as mais caras e as mais agradáveis a Deus: a primeira é a humildade, humildade e mais uma vez humildade; segundo a pureza; a terceira, o amor a Deus. Como filha Minha, deveis brilhar de maneira especial com essas virtudes.” (Diário, no 1415)
Virtude da Humildade – O homem humilde compreende melhor a vontade divina e sabe o que Deus lhe vai pedindo em cada circunstância. O humilde respeita os outros, as suas opiniões e as suas coisas; possui uma especial fortaleza, pois apóia-se constantemente na bondade e onipotência de Deus: “Quando sou fraco, então sou forte”, proclama São Paulo. “Meu Jesus, Vós vedes como sou fraca por mim mesma, por isso resolvei Vós mesmo todos os meus problemas. Sabei, Jesus, que sem Vós não tomarei qualquer iniciativa, mas Convosco empreendereis as coisas mais difíceis.” (Diário, no 602)
Virtude da Pureza – Buscar a pureza nos pensamentos, palavras e ações! Os olhos são os espelhos da alma. Quem usa seus olhos para explorar o corpo do outro com malícia perde a pureza. Portanto, coloque seus olhos em contemplação, por exemplo na Adoração, e receba a luz que santifica. “Ó tesouro inesgotável da pureza de intenção, que tornas todas as nossas ações perfeitas e tão agradáveis a Deus.” (Diário, no 66)
Virtude de amor a Deus – “Um ardente desejo de aniquilar-me por Deus através do amor ativo e, no entanto, imperceptível até mesmo para as irmãs mais próximas.” (Diário, no 27)
Virtude da Confiança – Para construir a atitude de confiança, ela teve que se converter permanentemente, superar-se, tanto suas fraquezas quanto suas habilidades naturais e a lógica do intelecto. Mais de uma vez, Deus a colocou em uma situação em que ela teve que negar seu intelecto, suspender a lógica do raciocínio humano para confiar e, consequentemente, aceitar e cumprir a vontade de Deus. O Senhor Jesus valorizou muito os esforços de Santa Faustina para desenvolver sua atitude de confiança, dizendo: “Você tem grandes e inexprimíveis direitos sobre o meu coração, porque é filha de plena confiança” (Diário, no 718).
Virtude da Obediência – O dever de obediência impõe a todos a obrigação de tributar à autoridade as honras que lhe são devidas e de rodear de respeito e, segundo o seu mérito, de gratidão e benevolência, as pessoas que a exercem (CIC no 1900). “Numa meditação sobre a obediência, ouvi estas palavras: Nesta meditação, o sacerdote está falando excepcionalmente para ti. Fica sabendo que Eu tomo emprestada a boca dele. Procurava escutar tudo com maior atenção e aplicava tudo ao meu coração, como em toda a meditação. Quando o sacerdote disse que a alma obediente torna-se cheia do poder de Deus… Sim, quando és obediente, retiro-te a tua fraqueza e em compensação dou-te a Minha força. Fico muito admirado que as almas não queiram fazer esta troca Comigo. Eu disse ao Senhor: “Jesus, iluminai a minha alma, porque de outra forma também eu pouco compreenderei dessas palavras.” (Diário, no 381)
CONTEMPLAÇÃO DA MISERICÓRDIA NA VIDA COTIDIANA
Existe uma prática simples que serve para contemplar Deus na vida cotidiana. Quando a irmã Faustina quis mudar, Jesus a proibiu, porque é uma prática que traz grandes benefícios espirituais. Essa prática consiste em unir-se a Jesus que mora na alma, por exemplo, através de uma oração jaculatória (uma breve invocação de oração). O uso consistente dessa prática traz frutos abundantes para a vida espiritual: desenvolve o vínculo pessoal de amor com Deus e leva a uma participação cada vez mais perfeita na vida e na missão de Jesus. Permite que você viva a vida, em todas as suas dimensões, junto com Ele. Com Ele vou trabalhar – escreveu a irmã Faustina – com ele vou para o recreio, com ele sofro, com ele desfruto, vivo nele e Ele em mim. Eu nunca estou sozinha, pois Ele é meu companheiro permanente. Sinto a presença dele em todos os momentos (Diário, no 318).
O SOFRIMENTO CONFIGURADO AO SOFRIMENTO DE CRISTO
“Quando pela primeira vez experimentei esses sofrimentos, foi do seguinte modo: um dia, depois dos votos anuais, durante a oração, vi uma grande claridade. Dessa claridade, saíram raios que me envolveram e, com isso, senti uma dor horrível nas mãos, nos pés e no lado, e os espinhos da coroa. […] Sem uma especial graça de Deus, não o suportaria. Exteriormente não tenho nenhum sinal desses sofrimentos. O que vai acontecer a seguir – não sei. Seja tudo pelas almas…” (Diário, no 759)
DONS EXTRAORDINÁRIOS
Convivência com as almas do purgatório – era comum as vezes em que as almas vinham pedir-lhe orações para alivio de seus sofrimentos ou para orientá-la. (Diário 21, 58, 515)
Dom de discernimento – “Também nesse mesmo momento vi certa pessoa e, em parte, o estado da sua alma assim como as grandes provações que Deus lhe envia. Esses sofrimentos reportavam-se à sua mente, e de forma tão aguda que fiquei com pena e disse ao Senhor: “Porque procedeis assim com ela?” O Senhor respondeu-me: Pela sua tríplice coroa – , mas também me deu a conhecer que uma incalculável glória aguarda a alma que imita a Jesus sofredor aqui na Terra: essa alma será semelhante a Jesus mesmo na glória. O Pai Celeste admira e reconhece as nossa almas, na medida em que vê em nós a imagem de Seu Filho. Compreendi que essa similitude com Jesus nos é concedida enquanto aqui na Terra.” (Diário, no 604)
União com agonizantes – dedicava-se a rezar e sacrificar-se pelos agonizantes. “Em determinado momento, quando, depois do meio-dia fui ao jardim, o anjo da guarda disse: “Reze pelos agonizantes”. Logo comecei a rezar o terço pelos agonizantes junto com as jardineiras. […]” (Diário, no 314)
PALAVRAS DO PAPA SÃO JOÃO PAULO II
“A mensagem da divina Misericórdia me foi sempre próxima e querida. É como se a história a tivesse inscrito na trágica experiência da segunda guerra mundial. Naqueles anos difíceis, constituiu um particular sustento e uma inexaurível fonte de esperança, não só para os habitantes de Cracóvia, mas para a nação inteira. Esta foi também a minha experiência pessoal, que levei comigo à Sé de Pedro e que num certo sentido forma a imagem deste Pontificado. Dou graças à divina Providência por me ter concedido contribuir pessoalmente para o cumprimento da vontade de Cristo, mediante a instituição da festividade da divina Misericórdia.” (VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II A POLÔNIA – 31 DE MAIO-10 DE JUNHO DE 1997)
“A sua mensagem de misericórdia continua a alcançar-nos através do gesto de suas mãos estendidas rumo ao homem que sofre. Foi assim que O viu e testemunhou aos homens de todos os continentes a Irmãs Faustina que, escondida no convento de Lagiewniki em Cracóvia, fez da sua existência um cântico de misericórdia: Misericodias Domini in aeternum cantabo” (Homilia do Papa São João Paulo II – 30 de abril de 2000)
Tudo por Jesus, nada sem Maria
DUC IN ALTUM
Viagem apostólica do Papa João Paulo II a Polônia em 31 de maio de 1997