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Advento, tempo de esperança

28/11/2021 . Formações

Lucas 21, 25-28.34-36
“Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem.”

O tempo litúrgico do Advento

A palavra Advento vem de adventus, em latim, que significa vinda, chegada. No final do século IV, na Gália – França e na Espanha, o Advento durava seis semanas com a tradição do jejum, oração e abstinência. Essa preparação se estendia até a Festa da Epifania. Já no fim do século VII, em Roma, o seu significado foi ampliado, a fim de que os fiéis recordassem a segunda vinda do Senhor (fonte). O Advento é sub-dividido em dois períodos: Primeiro período – tempo de ESPERANÇA! Meditamos na esperança da vinda gloriosa de Cristo em todos os seus aspectos: sua vinda há dois mil anos, sua vinda agora, a cada dia, e sua vinda no fim dos tempos (parusia). Segundo período – nos preparamos diretamente para o Natal. Tempo de alegria. Neste período, os Evangelhos nos preparam para o nascimento de Jesus. Durante o advento, prevalece a cor roxa, símbolo da conversão que é fruto da revisão de vida, ou seja, a metanoia. As velas querem representar as várias etapas da salvação, sobretudo para significar a espera d’Aquele que é “a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo” (João 1,9) e que está para chegar, então nós O esperamos com luzes, porque O amamos e queremos ser como Ele, Luz (fonte). O terceiro domingo de Advento é chamado domingo gaudete (da alegria). Nesse domingo o sacerdote usa cor rosa. Como Olhar Misericordioso, meditemos nessa 1ª semana do Advento, juntos em cenáculo, na virtude teologal da Esperança, virtude tão marcante nesse primeiro tempo do ano litúrgico.

Advento: tempo de espera e de esperança

“A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos” (CCE 522). Assim como nos preparamos para a chegada de uma visita, ou para um evento importante, mais ainda devemos estar em santa expectativa e nos preparar para receber Jesus que virá. Ele é o fundamento da nossa esperança. Eis o tempo da esperança! “Ao celebrar cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta espera do Messias: comungando com a longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda” (CCE 524). Nesse 1º domingo do Advento, somos convidados a viver com seriedade a espera da 2ª vinda de Cristo nos fins dos tempos. O Evangelho nos ensina a não esperar passivamente. “Temos, pela frente, um tempo para reconstruir, restaurar nossa vida de acordo com as virtudes teologais: fé, esperança e amor” (fonte), que são de suma importância para um membro Olhar Misericordioso: conforme o nº13 dos nossos estatutos, são as virtudes que motivam a nossa vivência da vocação à Comunidade diante de Deus, de Maria e da Igreja. Deus nos abençoa, mais uma vez, com as graças de um novo Ano Litúrgico: e como nós corresponderemos a essa graça como membros Olhar Misericordioso? Essa Esperança que somos convidados hoje a pedir ao Senhor é uma espera dinâmica que gera nova vida em nós. A esperança numa verdade que salva, uma luz mais forte que a escuridão, um caminho que transforma o coração. O Papa Francisco nos fala da esperança como “uma expectativa fervorosa pela revelação do Filho de Deus. Não é uma ilusão” (Homilia de Santa Marta, 29 de outubro de 2015). A esperança não é um passivo otimismo, ao contrário, “é combativa, com a tenacidade de quem caminha rumo a uma meta segura” (fonte).

A virtude da esperança

“A esperança é a expectativa confiante da bênção divina e da visão beatífica de Deus; é também o receio de ofender o amor de Deus e de provocar o castigo” (CCE 2090). “Pela esperança, desejamos e esperamos de Deus, com firme confiança, a vida eterna e as graças para as merecer.” (CCE 1843). Para o Papa João Paulo I ela “é uma virtude obrigatória para todo cristão” que nasce da confiança em três verdades: “Deus é omnipotente, Deus ama-me imenso e Deus é fiel às promessas. E é Ele, o Deus da misericórdia, que acende em mim a confiança; por isso não me sinto nem só, nem inútil, nem abandonado, mas integrado num destino de salvação, que um dia virá a levar-me ao Paraíso” (Audiência Geral de 20 de setembro de 1978 – fonte). Os pecados contra a esperança são, segundo o Catecismo (nº2091): o desespero e a presunção.

A ação da esperança

“Como diz Bento XVI, ´a esperança manifesta-se praticamente nas virtudes da paciência, que não esmorece no bem, nem sequer diante de um aparente insucesso, e da humildade, que aceita o mistério de Deus e confia nele mesmo na escuridão´. A esperança vivifica também a virtude da mansidão (que passa por cima da ira, da tristeza e da revolta, reações amargas da alma pessimista); e comunica serenidade perante a morte. Eleva ainda a um novo patamar a paciência em face da dor, pois, para o cristão que tem esperança, a Cruz é fonte das graças para esta vida e para merecer a vida eterna” (trecho retirado desse livro, p.34). O Catecismo no nº 1818 nos ensina que a virtude da esperança purifica e ordena para o Reino dos céus as esperanças que inspiram as atividades dos homens. “Protege contra o desânimo; sustenta no abatimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O ânimo que a esperança dá preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade.” Além disso, a esperança sustenta e ajuda a fé (CCE 162).

Simbolismo da esperança

A âncora: Na carta aos Hebreus, o autor compara a esperança a uma âncora: “Nela temos como que uma âncora da nossa vida segura e firme” (Hb 6,19). Segura e firme porque atirada não na terra, mas no céu, não no tempo, mas na eternidade, “além do véu do santuário” (fonte).
A vela: Se a âncora é aquilo que dá ao barco a segurança e o mantém firme entre o balanço do mar, a vela é, ao contrário, aquilo que o faz avançar no mar. Ambas as coisas fazem a esperança com o barco da Igreja. Ela é, na verdade, como que uma vela que recolhe o vento e, sem barulho, o transforma em força motora que leva o barco, segundo os casos, para o mar aberto ou para a margem. Como a vela nas mãos de um bom marinheiro consegue utilizar todos os tipos de vento, de onde quer que ele sopre, favorável ou menos favorável, para fazer o barco avançar na direção desejada, o mesmo faz a esperança. Trata-se agora de ver como orientar essa vela, como utilizá-la para que ela faça mesmo cada um de nós avançar à santidade, e todo o Reino de Deus até os confins da terra (Cantalamessa – fonte).

Auxílios para a esperança segundo o Catecismo

Nº 274 – Para firmar a nossa esperança: a convicção profundamente arraigada nas nossas almas de que nada é impossível a Deus;
Nº 1717 e 1820 – Para sustentar a esperança no meio das tribulações: as bem-aventuranças; elas elevam a nossa esperança para o céu, como nova terra prometida;
Nº 1820 – A esperança exprime-se e nutre-se na oração, particularmente na oração do Pai-Nosso, resumo de tudo o que a esperança nos faz desejar; A oração da Igreja e a prece pessoal nutrem em nós a esperança. Particularmente os salmos nos ensinam a fixá-la em Deus (Nº 2657).

A esperança na prática

Na encíclica Spe Salvi, sobre a esperança, Bento XVI enumera 3 “lugares de aprendizagem e de exercício da esperança”: a oração; o agir e sofrer; e o Juízo final.

A oração: A oração permite a Deus estar perto de nós; por isso liberta da solidão e dá esperança (Papa Francisco). A esperança é uma virtude concreta, “de todos os dias porque é um encontro. E todas as vezes que encontramos Jesus na Eucaristia, na oração, no Evangelho, nos pobres, na vida comunitária, damos mais um passo em direção a este encontro definitivo (Homilia de Santa Marta, 23/10/2018). “A primeira mensagem do Advento e do Ano Litúrgico é também reconhecer Deus próximo e dizer-Lhe: «Aproximai-Vos de novo!» Ele quer vir para junto de nós. Cabe a nós não nos cansarmos de Lhe dizer: «Vinde!». Convidemo-Lo. Façamos nossa esta invocação caraterística do Advento: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20). Com esta invocação, termina o livro do Apocalipse. Podemos dizê-la ao princípio de cada dia e repeti-la com frequência, antes das reuniões, do estudo, do trabalho e das decisões a tomar, nos momentos mais importantes e nos de provação: Vem, Senhor Jesus!” (Papa Francisco – fonte). Nosso servo fundador na Meditatio De 25/06/2020 nos ensina que “Quando a nossa alma, com disciplina e amor, se habitua a fazer a meditação diária de 10min experimentará a esperança ser fortificada, fazendo-nos caminhar sobre as águas;

Agir e sofrer: Toda a ação séria e reta do homem é esperança em ato. Assim, por um lado, da nossa ação nasce esperança para nós e para os outros; mas, ao mesmo tempo, é a grande esperança apoiada nas promessas de Deus que, tanto nos momentos bons como nos maus, nos dá coragem e orienta o nosso agir (Spe Salvi, 35);

O Juízo: A imagem do Juízo final não é primariamente uma imagem aterradora, mas de esperança; talvez mesmo a imagem decisiva da esperança. Mas não é porventura também uma imagem assustadora? Eu diria: é uma imagem que apela à responsabilidade. (…) Deus é justiça e cria justiça. Tal é a nossa consolação e a nossa esperança (Spe Salvi, 44);

Ser testemunha da esperança: São João Paulo II nos diz que a esperança nos oferece “motivações sólidas e profundas para o empenhamento quotidiano na transformação da realidade a fim de a tornar conforme ao projeto de Deus” (fonte).

Tudo por Jesus, nada sem Maria

Duc in altum

Hinos próprios para o tempo do Advento – Youtube

Encíclica do papa emérito Bento XVI sobre a esperança cristã

A esperança, a virtude menor, mas a mais forte 

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