Lucas 3,1-6
Bem mais perto já podemos ver a esperança chegando, novas oportunidades, um novo começo, o Senhor nos pede a abertura de nossas casas, nossas famílias, nossos corações, para fazer de nós manjedouras que possam recebê-lo. Sem as honras de um Rei, mas como o maior dos tesouros que podemos receber em toda a nossa vida. Nos preparamos irmãos para a Vinda do Senhor, e para que essa preparação seja efetiva, através do profeta Isaias (Is 40,3ss), somos direcionados a vivermos verdadeira e intensamente esse momento no Evangelho de Lucas 3,1-6 (Ler).
Que nossos caminhos sejam endireitados, deixando para trás tudo aquilo que nos desvia do nosso foco, que nos aprisiona, e incomoda e nos tira a fé, tudo o que nos distrai, toda inquietação e barulho que nos rouba o silêncio e impede de ouvirmos a voz do Senhor, endireitemos as estradas do nosso coração, para que ela não seja cheia de curvas, mas reta. Que sejam aterrados os nossos pecados através de uma profunda confissão, e verdadeiro arrependimento, de modo que todos os buracos que hoje ocupam nosso coração sejam aplanados, da mesma forma que as montanhas e colinas do nosso orgulho, da nossa vaidade, do que nos torna arrogantes e prepotentes sejam rebaixados a ponto de chegarem ao sentido de insignificância diante da grandeza do Senhor. O advento é o tempo de retificarmos nossos caminhos, abandonarmos nosso egoísmo e as máculas, renascermos para o Senhor que vem, de ouvirmos a voz da Igreja que clama no deserto do nosso coração, da nossa consciência, da nossa alma, para baixarmos as montanhas, taparmos os buracos, endireitarmos os caminhos tortuosos e assim todos possamos ver a salvação que vem de Deus.
A Palavra de Deus nos convida a nos despirmos da tristeza e da aflição e cultivar os frutos da justiça em um caminho de conversão, a fim de fazermos a experiência com a misericórdia manifestada em Jesus.
Qual de nós não sonha que este seja o melhor Natal de nossa vida?
Que nossa vivencia seja diferente, que estejamos mais abertos, mais entendidos do seu significado, que nosso coração esteja mais bem preparado.
Que não seja como os anteriores, nos quais, quem sabe, estivemos mais propensos à comilança e aos presentes do que a pensar em seu verdadeiro significado?
E para vivermos bem e com a fé necessária esse momento de preparação, precisamos nos questionar o que nos impediu de viver esse preparo e entrega ao longo do nosso ano, quais barreiras foram mais fortes que nossa fé? Quais desafios nos amedrontaram ao ponto de faltar nossa confiança na grandeza do Senhor?
Só respondendo esses questionamentos dentro de cada um de nós, seremos capazes de curar as feridas, e restaurar a fé para um verdadeiro Natal, assim não só comemoramos o nascimento de Cristo, mas de alguma maneira Ele volta a nascer em nosso coração. Esta é a nossa fé, é a fé que professamos, a fé que o Senhor nos concedeu, que nos sustenta e mantém o propósito e sentido das nossas vidas. A mesma fé que, enquanto virtude teologal, é dom especial e gratuito de Deus, pois é possível somente por Sua graça, ou seja, só pode ser “despertada” em nós pela vontade e ação do próprio Senhor, e por consequência, se infunde em nós e é correspondido por nossa ação junto a essa vontade de Deus. Através da fé adquirimos a capacidade sobrenatural de enxergar verdades que superam a lógica humana, superam as razões do homem, para fazê-lo viver verdades imateriais reveladas por Deus. É ela que faz ver aquilo que se crê, embora o que se crê não possa ser visto com os olhos humanos.
Como explicar o nascimento de Jesus em nosso coração, usando da lógica humana? Da mesma forma que não podemos explicar a nossa necessidade da Sua presença, mas sem Ele existe um grande vazio que não pode ser preenchido por nada que seja material ou humano. A mesma fé com a qual vivemos grandes acontecimentos sobrenaturais em nossas vidas que nos permitem ainda aqui a aproximação com o Senhor, a possibilidade da Santificação de cada um de nós, como a Olhar Misericordioso, que pela interseção de Nossa Senhora de Guadalupe celebrará mais um aniversário no próximo dia 12 de Dezembro, mesma data em que celebramos esse belíssimo título dedicado a Nossa Senhora. Mergulhemos o mais profundo que conseguirmos em nosso coração, e nos libertamos das nossas algemas, endireitemos nossos caminhos, o Senhor espera isso de nós.
Para refletir:
Como temos dado testemunho da nossa fé?
Deixamos a luz da fé iluminar nossos caminhos e escolhas?
Se te pedirem um exemplo prático da sua vivência da fé, você seria capaz de citar?
Nossa fé está alimentada pela segunda vinda de Jesus, ou ainda precisamos alimenta-la?
PALAVRAS DO SERVO FUNDADOR, Padre Alexandre Paciolli_iCM
RETIRO PARA O NATAL 1 de dezembro TEMA: As três velas
Um trabalhador comprou três velas para iluminar seu quarto. Debaixo de cada uma delas escreveu fé, esperança e amor respectivamente. Ele não queria esquecer que essas virtudes são as mais importantes para ser santo. Se ajoelhava todos os dias para rezar e sempre acendia aquelas velas. Os dias se passavam e ele, sempre ao rezar, acendia aquelas três velas. Mas um fato interessante ocorreu: a vela da fé se consumia, da esperança também, mas a do amor não! Pelo contrário, cada vez que ele realizava obras de misericórdia aquela vela crescia! Ela parava de crescer quando ele não realizava obras de amor: quando não perdoava, quando era impaciente, quando era invejoso, maldoso, arrogante. Então ele disse para si mesmo: quero que essa vela do amor chegue até o céu para iluminar a muitos, quero subir ao Céu por ela! Assim, todos os dias ele intensificou seus atos de amor. Mais e mais ele amava, mais a vela crescia, mais a chama ficava mais forte! Assim aquela vela foi tocando o céu, iluminando não somente a sua casa, mas seu bairro, sua cidade, o mundo todo!“O amor jamais acabará…Por ora subsistem a fé, a esperança e o amor. Porém, a maior delas é o amor” ( 1 Cor 13,8.13). “No entardecer da vida seremos examinados no amor” (São João da Cruz).Como dizia o Cardeal van Thuan: “Se Jesus fosse professor, o expulsariam do colégio imediatamente. O tema da prova e seu desenvolvimento o descreve detalhadamente: virão os anjos, separarão os bons à direita e os maus à esquerda, e todos seremos julgados sobre o amor (cf. Mt 25,31ss). Sabendo disso, todos poderão passar na prova!” (Meditatio 01/12/2020)
“A luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus.( Jo 12, 46) Quando falta a luz, tudo se torna confuso: é impossível distinguir o bem do mal, diferenciar a estrada que conduz à meta daquela que nos faz girar repetidamente em círculo, sem direção. Por isso, urge recuperar o carácter de luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um carácter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem. A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. A fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso. Deste modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas, abrindo-nos à amplitude da comunhão, num tempo em que o homem vive particularmente carecido de luz. A fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões. Na fé, dom de Deus e virtude sobrenatural por Ele infundida, reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida: acolhendo esta Palavra que é Jesus Cristo, o Espírito Santo transforma-nos, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria. Fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus. A fé identifica, no amor de Deus manifestado em Jesus, o fundamento sobre o qual assenta a realidade e o seu destino último.”
Tudo por Jesus, nada sem Maria
Leia mais: