Ora, se entre São João Batista e Jesus Cristo havia cerca de 6 meses de diferença, como ele teria resistido à perseguição de Herodes, na ocasião da matança dos proto-mártires?
A Basílica da Visitação, situada em Ain Karem, pode nos auxiliar nessa pergunta. O santuário recorda o encontro da Virgem Maria com sua prima Santa Isabel, narrado no Evangelho de São Lucas:
“Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.” (Lc 1, 40-41)
Na ocasião citada, Maria entoa o Magnificat. Além do encontro, segundo tradições apócrifas, no mesmo lugar São João Batista teria sido escondido no tempo do massacre dos inocentes.
“Escavações arqueológicas mostraram que o culto cristão nesse lugar remonta ao período bizantino; por sua vez, parece que até à chegada dos cruzados se recordava aqui um acontecimento posterior à Visitação relatado pelo Proto-Evangelho de São Tiago, escrito apócrifo do séc. II: a fuga de Santa Isabel com o filho, para salvá-lo da matança das crianças ordenada por Herodes em Belém e nos seus arredores (Mt 2, 16). A memória desta tradição conserva-se na cripta da igreja, a que se acede a partir do pátio. Trata-se de uma capela retangular com uma antiga gruta adaptada ao culto, que está fechada por uma abóbada de pedra e tem no fundo um poço alimentado por uma fonte. À direita da galeria, num nicho, guarda-se uma rocha venerada como o esconderijo de São João Batista.”
(fonte: site da Opus Dei).
Segundo fontes franciscanas, responsáveis pela custódia dos lugares santos da Terra Santa, a memória do “escondimento” de S. João Batista, tomado do apócrifo Proto-evangelho de Tiago (sec. II) e evocado pelo abade russo Daniel (início do sec. XII):
“Sobre um estreito vale repleto de árvores, se encontra a montanha pela qual Isabel corria com seu filho e disse: Recebe, oh montanha, a mãe e o filho. E a montanha se abriu e deu a eles refúgio. Os soldados de Herodes que a seguiam, chegando aquele lugar e não encontrando ninguém, retornaram confusos. Se pode ver ainda hoje o lugar onde isto aconteceu, assinalado na rocha. Acima se eleva uma pequena igreja debaixo da qual existe uma pequena gruta, e junto a sua entrada uma outra pequena igreja. Desta gruta surge uma fonte que deu de beber a Isabel e a João, durante o tempo que ficaram na montanha, servidos por um anjo até a morte de Herodes”.
Relíquias da “terra da gruta de Isabel e João” eram conservadas desde o século VII em Roma, no tesouro do Latrão como em outros lugares. Uma pedra, amostra na cripta, perpetua até hoje esta tradição.
Fontes:
– https://www.custodia.org/pt-
– https://opusdei.org/pt-br/