Sacramento do Batismo
Sendo os Sacramentos um sinal da graça de Deus, podemos dizer que o Batismo é o nascimento dessa graça e da participação divina em nós. Ele é o primeiro de todos os sacramentos pois ao recebê-lo aceitamos Jesus e nos tornamos cristãos. Por este sacramento, podemos ir aos demais: Cân. 842 — §1.
Quem não tiver recebido o batismo não pode ser admitido validamente aos demais sacramentos.
Porta de entrada para participar da natureza divina, o batismo é o fundamento da vida cristã; é porta da vida no Espírito e porta que abre o acesso aos demais sacramentos (CIC 1213). O Batismo é necessário para a salvação dos homens, pois o próprio Senhor ordenou a seus discípulos que anunciassem o Evangelho e batizassem todas as nações (Mt 28,18-20). A Igreja não conhece outro meio senão o Batismo para garantir a entrada do homem na bem-aventurança eterna (CIC 1257).
Quem instituiu o Batismo? O Sacramento do Batismo, assim como os demais sacramentos, não é uma invenção da Igreja. Ele foi instituído por Nosso Senhor Jesus e se comprova nas seguintes passagens da Sagrada Escritura: Jo 3,5: “Quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus.” Mt 28,19: “…batizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Mc 16,16: “Quem crer e for batizado, será salvo.” Lc 3,16: “E João responde: ‘Eu batizo vocês com água, mas chegará alguém mais forte do que eu. Eu não sou digno nem sequer de desamarrar a correia das sandálias dele. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com o fogo” (Lc 3,16).
A necessidade e os efeitos do Batismo O Batismo, necessário para a salvação do homem (CIC 1257), é a primeira Páscoa que experimentamos. Ele limpa a mancha do pecado original e faz com que o homem retome sua amizade com Deus. Ainda que Cristo tenha redimido os pecados da humanidade, as suas consequências permanecem, razão pela qual o Batismo se torna tão necessário.
Pelo Batismo o pecado original e todos os pecados pessoais são perdoados, bem como todas as sua penas (CIC 1263). Porém, as consequências temporais do pecado permanecem (sofrimentos, doença, morte, fragilidades inerentes à vida, como as fraquezas de caráter, etc), assim como a própria propensão ao pecado (CIC 1264).
Cabe aos homens revestirem-se de coragem e disposição para combatê-los, contando sempre com a graça de Nosso Senhor, que não os deixa lutar sozinhos. Os Sacramentos são essas fontes de graça!
O batismo não somente purifica o homem do pecado original como também o transforma em “nova criatura” e filho adotivo do Pai. Ao ser batizado, o batizando torna-se, então, participante da natureza divina, membro do Corpo de Cristo e templo do Espírito Santo.
É fundamental que todo cristão compreenda bem a importância da graça do Batismo em sua vida. Ao receber o Sacramento do Batismo a Santíssima Trindade (“Pai, Filho e Espírito Santo” são palavras pronunciadas pelo batizante enquanto joga a água na cabeça do batizado) concede ao batizando a graça santificante, tornando-o capaz de crer em Deus, de Nele esperar e a Ele amar. Permite-o crescer no bem pelas virtudes morais, concede o poder de viver e agir sob a ação do Espírito Santo, o faz membro do Corpo de Cristo e o incorpora à Igreja (CIC 1266, 1267).
Por que batizar com água? Como já comentado na formação anterior, todo sacramento se constitui de forma e matéria, sinais perceptíveis aos sentidos humanos. No Batismo, a matéria é a água, e não pode ser outro líquido, sendo o símbolo de maior importância dentre os batimais.
Jesus escolheu coisas simples, que conhecemos e que necessitamos, para nos transmitir suas mensagens. Água é fonte de vida e algo necessário a sobrevivência humana, expressão simples da mensagem divina cuja linguagem não precisa de palavras. A água simboliza vida e nela, pelo batismo, Deus transmite por Jesus Cristo, a Sua própria vida pelo dom do Espírito Santo. Os sinais (símbolos) utilizados e escolhidos pelo própio Jesus em cada sacramento, têm a força que neles o Senhor imprimiu.
Água no batismo também simboliza purificação, pois ao sermos batizados somos lavados do pecado original. A palavra batizar significa limpar com água. Sua origem grega significa imergir, mergulhar alguém na água. Havia entre os judeus a exigência da pessoa lavar-se para se purificar de alguma mancha contraída por atos cometidos contra a lei judaica. Vejamos outros simbolismos da água na Sagrada Escritura: Jesus fala de um novo nascimento no diálogo com Nicodemos (Jo 3,1-13) quando diz “quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus”. Essa passagem revela a força da água, que é o sinal do sacramento da vida nova que Jesus fala a Nicodemos. E no Antigo Testamento, morte e salvação na passagem do Mar Vermelho (Ex 14,5-31): as mesmas águas que serviram de morte para os egípcios, foram fonte de libertação para os judeus. Assim também as águas batismais destroem o pecado, afogam o inimigo, exterminam e cancelam o mal.
Mas a água não tem a força e nem o poder de purificar o pecado senão pelo Espírito Santo que nela atua no momento do Batismo. É Ele, o Espírito Santo que, com a força e o poder divino, destrói todo o mal e proporciona a alegria de uma nova vida.
O Batismo de João e o Batismo de Jesus
João pregava o batismo de conversão. Ele batizava pessoas que decidiam mudar de vida à espera do Salvador. Aqueles que buscavam o batismo de João Batista acreditavam em suas palavras que anunciavam a vinda do Messias e, cujo batismo seria no fogo, referência à ação do Espírito Santo.
Os que desejavam o batismo de João já se preparavam e formavam a comunidade de Cristo, que se tornaria a Igreja da qual hoje participamos. O batismo de João preparava e anunciava o batismo da vida nova que traria Cristo. Enquanto algumas igrejas fundamentam o batismo na pessoa de João Batista (batismo de arrependimento), a nossa Igreja Católica fundamenta o batismo na pessoa de Jesus Cristo através do Espírito Santo. Ao batizar uma criança, a nossa Igreja batiza através do fogo e do Espírito Santo e não por arrependimento, como crêem e praticam alguns. O Espírito dado no Batismo é para o perdão dos pecados: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome do Senhor Jesus Cristo, para a remissão dos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo.” (At 2, 38).
Por que os evangélicos se batizam quando adultos? Muitos argumentam que o batismo de crianças não aparece na Bíblia, criticam o fato de nós católicos batizarmos recém nascidos e defendem a ideia do batismo na fase adulta. No Catecismo encontramos as seguintes afirmações: “Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e serem transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para a qual todos os homens são chamados. A gratuidade pura da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. A Igreja e os pais privariam então a criança da graça inestimável de tornar-se filho de Deus se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do nascimento. Os pais cristãos hão de reconhecer que esta prática corresponde também à sua função de alimentar a vida que Deus confiou a eles. Desde os tempos mais antigos, o Batismo é administrado às crianças, pois é uma graça e um dom de Deus que não supõe méritos humanos; as crianças são batizadas na fé da Igreja. A entrada na vida cristã dá acesso à verdadeira liberdade.” (CIC 1250, 1251 e 1282). São Cipriano escreve, “Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças” e Santo Irineu afirma, “Jesus veio salvar a todos os que através dele nasceram de novo de Deus: os recém-nascidos, os meninos, os jovens e os velhos”.
É inconcebível que pais católicos permitam que o filho cresça sem receber o Sacramento do Batismo. É triste ouvir de católicos, “vou deixar meu filho crescer para então ele mesmo escolher o que deseja, se quer ser batizado ou não”. Que erro! Então, seria coerente deixá-lo também sem nome até que crescesse para que ele mesmo escolhesse o nome de seu agrado. Ou, que tal esperar o filho crescer para lhe perguntar se ele quer as vacinas que tem que ser dadas ainda na fase de recém nascido? Esperar, também, que ele tenha maturidade para escolher suas roupas, a comida, a escola…? Deixe uma criança a mercê de “suas escolhas” e ela padecerá. Deixe-a também sem direção espiritual e sua alma sofrerá as consequências de uma falta de educação na fé ou de ser seduzida por outras seitas ou religiões. Em seu livro “A Fé Explicada”, Leo Trese afirma que “… os pais que demoram ou descuidam injustificadamente o batismo de um filho por muito tempo, tornam-se culpados de pecado mortal.”
Perguntas, respostas e algumas curiosidades a respeito do Batismo
1.Quem pode ser batizado? Somente pessoa viva e ainda não batizada pode receber esse sacramento (CIC 1246). Morto não recebe sacramentos (nem batismo, nem a Unção dos Enfermos).
2. E quanto às crianças que morrem sem o Batismo? A Igreja as confia à misericódia de Deus (conforme CIC 1261 e 1283), mas tal como alerta Leo Trese (A Fé Explicada), “a nossa obrigação é jamais permitir que por culpa nossa uma alma entre na eternidade sem ter sido batizada”.
3. Que compromisso assumo quando sou batizado? Obrigo-me a professar a fé e a observar a Lei de Jesus Cristo e da Igreja. Ao batizar uma criança esse compromisso é assumido pelos pais e padrinhos que devem educá-la na fé católica.
4. Quando devo batizar meu filho? Os pais devem batizar seus filhos já nas primeiras semanas de vida: “O Batismo deve realizar-se “sem demora, se a criança se encontra em perigo de morte”; ou então, normalmente “no decorrer das primeiras semanas que se seguem ao nascimento” (nr 29 – Pastoralis Actio Sobre o Batismo das Crianças)
5. O que é catecumenato? É a preparação para o Batismo de adultos (CIC 1247 a 1249)
6. Posso ser batizado mais de uma vez? “Os sacramentos do Batismo, Confirmação e Ordem, uma vez que imprimem carácter, não se podem repetir“ (cfe. Cân. 845 — § 1). Pelo batismo o cristão recebe um sinal indelével que o configura a Cristo. Nenhum pecado apaga a marca do batismo no homem (CIC 1272 e 1280).
7.Sobre o dia de batizar: Cân. 856 — Ainda que o batismo se possa celebrar em qualquer dia, recomenda-se que ordinariamente se celebre ao domingo, ou, se for possível, na vigília pascal. Domingo é o Dia do Senhor, o dia da Ressurreição, passagem para a vida nova em Cristo. Por esse motivo é tão significativo celebrar o Batismo na Páscoa. O dia da Páscoa e o Domingo deveriam também servir como renovação do nosso compromisso batismal.
“Há pessoas que cumprem religiosamente os deveres sociais, mas que apenas socialmente cumprem os deveres religiosos”. Reconheço a importância do Batismo como Sacramento e sinal da graça de Deus?
Tudo por Jesus, nada sem Maria!
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