Em um momento de oração ao contemplar o rosto de nossa senhora, Padre Alexandre viu em seu coração duas lágrimas que corriam dos olhos da Virgem, nesse momento ele entendeu que uma das lágrimas representava o sofrimento de Nossa Senhora pelos sacerdotes que se perdem em sua vocação e a outra lágrima representava o sofrimento de Maria pelas famílias que passam por tantas necessidades e divisões. Assim foi definido o carisma da Olhar Misericordioso, “sair do julgamento para o amor, cuidado e defesa dos sacerdotes e das famílias pelas obras de misericórdia”.
Carisma: cuidado e defesa do Sacramento da Ordem e do Matrimônio, que levam à defesa da Família. Portanto, o membro Olhar Misericordioso ama o “ser família” no lar, na paróquia e na comunidade, colocando Cristo no centro.
O sacerdote é um dom do Coração de Jesus e n’Ele tem a origem da sua vocação. A Maria foi entregue a tarefa de cuidar dos sacerdotes na pessoa de São João Evangelista. Como Ela, o membro Olhar Misericordioso cuida, serve e defende os que receberam o Sacramento da Ordem, sejam diáconos, presbíteros ou bispos; colabora com caridade cristã para que sigam construindo, em todos os lugares e situações de vida, a civilização do amor, sendo fiéis à sua vocação.
A Família, extensão do Sacramento do Matrimônio, tem sido posta à prova pelas rápidas transformações sociais e culturais. Muitas famílias são fiéis aos valores fundamentais do instituto familiar, enquanto outras estão perdidas diante de seus deveres. O membro Olhar Misericordioso oferece orações e obras de misericórdia em defesa da santidade na instituição familiar, segundo a doutrina da Igreja.
As imagens de Nossa Senhora de Guadalupe e Jesus Misericordioso foram as escolhidas pelo Fundador, pois expressam e identificam o carisma e o lema da Comunidade: a Misericórdia de Jesus por meio de Maria.
A figura de Nossa Senhora de Guadalupe representa, para a Comunidade, os sinais de sua presença na vida do Fundador e a importância do seu olhar misericordioso para a definição de seu carisma. Para que não restem dúvidas de que o olhar misericordioso de Maria se acha voltado para todos os seus filhos, há quase cinco séculos, Nossa Senhora de Guadalupe deixou o retrato de seu amor maternal estampado na imagem que milagrosamente foi pintada no manto do índio Juan Diego.
A figura de Jesus Misericordioso retrata a Misericórdia de Deus que chega aos homens por intermédio de Jesus Misericordioso. Foi através dessa imagem que Jesus pediu a Santa Faustina Kowalska que a sua Misericórdia fosse venerada. Essa imagem representa Cristo ressuscitado trazendo aos homens a paz através da remissão dos pecados pelo preço de Sua Paixão e Morte na Cruz.
Os membros da Olhar Misericordioso carregam consigo um sinal de pertença à Comunidade: uma medalha de um lado com o rosto de Nossa Senhora de Guadalupe e do outro com Jesus Misericordioso (pintura de 1934). Os membros de aliança usam cordão preto e os membros de vida cordão branco.
A Comunidade se fundamenta no olhar misericordioso de Maria Santíssima que por toda sua vida foi envolvida pelo olhar de Jesus. De uma maneira especial Maria viu o Coração do seu Filho ser transpassado pela lança na cruz e dele brotar Sangue e Água, fontes da salvação. Por isso, cada membro da Comunidade busca a identidade do seu olhar, e de todo o seu ser, com o olhar de Maria Santíssima, transformando-se, assim, em um missionário da Misericórdia de Jesus. Desta compreensão brota o lema da comunidade: “tudo por Jesus, nada sem Maria”.
A família Olhar Misericordioso se caracteriza por membros que buscam ser reflexo da bondade e misericórdia de Jesus e de Maria, com corações mansos e humildes, que pelo amor delicado e misericordioso são reconhecidos. A experiência da vida comunitária encontra no Amor Misericordioso, manso e humilde de Jesus e de Maria, sua fonte e impulso para a missão na Igreja.
Em suas aparições, Jesus revelou à Santa Margarida Maria de Alacoque o desejo ardente que tinha de salvar os pecadores. Assim, lhe pediu a instituição de uma festa litúrgica para honrá-Lo, com a comunhão reparadora nas Nove Primeiras Sextas-Feiras do mês, que consiste no oferecimento da Sagrada Comunhão Eucarística em reparação aos agravos cometidos ao Sagrado Coração de Jesus. Após a morte da Santa, em 1690, essa devoção estendeu-se por todo o mundo.
O culto ao Sagrado Coração de Jesus foi incentivado por inúmeros santos e também nas aparições de Fátima. O Anjo de Portugal fez referência expressa ao Coração de Jesus em suas três aparições aos pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta. Disse-lhes o Anjo: –“Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”.
Assim, através da aparição em Fátima, iniciou-se junto ao Sagrado Coração de Jesus, o culto ao Imaculado Coração de Maria, que, através da Virgem, ofereceu meios para a propagação desta devoção tão difundida nos dias de hoje.
No dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, Nossa Senhora revelou à Irmã Lúcia a devoção reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, que consiste no oferecimento da Sagrada Comunhão Eucarística em reparação aos agravos cometidos também ao Imaculado Coração de Maria.
Impossível amar verdadeiramente o Coração de Jesus se não amo, também, o Imaculado Coração de Maria! Na Medalha Milagrosa apresentada pela Virgem Maria à Santa Catarina Labouré, estão cunhados em seu reverso “os dois Corações”: o Coração de Jesus, cercado de espinhos e o Coração de Maria, transpassado por uma espada.
Compreendendo também a união íntima que existe entre estas devoções e que estes Dois Corações permanecem sempre unidos, sendo impossível considerá-los separadamente. Dessa forma, juntamente com a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, a Comunidade Olhar Misericordioso é reparadora do Imaculado Coração de Maria que transpassado pela espada de dor, sofre por todos nós.
Pelo Doce e Imaculado Coração da Virgem Maria os membros da Comunidade Olhar Misericordioso mergulham suas vidas, seus sofrimentos, suas alegrias e os desafios da missão que Deus lhes confiou no Misericordiosíssimo Coração de Jesus Cristo, que se mostra aberto e cheio de amor e misericórdia por todos nós.
Mergulhados no mistério insondável da Misericórdia de Deus, por meio do olhar misericordioso de Maria, os membros da Comunidade Olhar Misericordioso atuarão na Igreja, exercendo a misericórdia com o próximo em obras, palavras e oração.
A devoção à Misericórdia Divina tem profunda relação com a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, pois a Misericórdia de Deus nasce do Coração Misericordioso de Cristo.
“A essência do culto da Misericórdia de Deus consiste numa atitude de confiança cristã para com Deus e de um amor ativo para com o próximo. Nosso Senhor disse: ‘Desejo a confiança das minhas criaturas’ (Diário de Sta. Faustina n° 1059).
Jesus pede ainda à Santa obras de misericórdia por meio de ações, palavras e oração. ‘Espero de ti obras de misericórdia, que devem nascer do teu amor para comigo. Deves mostrar-te misericordiosa com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te’ (Diário de Sta. Faustina n° 742).
Jesus deseja que os Seus devotos cumpram em cada dia pelo menos um ato de amor para com o próximo. A divulgação do culto da Misericórdia Divina não exige necessariamente muitas palavras, mas sempre uma atitude de fé, de confiança em Deus, tornando-se cada vez mais misericordioso.”
O culto à Misericórdia Divina foi expandido por Santa Faustina por meio de seu Diário, que com simplicidade, mas de maneira muito profunda, auxilia os cristãos a se aproximarem deste mistério do Coração de Cristo.
Encontramos no Diário de Santa Faustina as seguintes formas de culto à Divina Misericórdia:
A Imagem de Jesus Misericordioso é frequentemente designada como Imagem da Misericórdia Divina, mas constitui também um sinal para relembrar o dever cristão da confiança em Deus e de um amor para com o próximo.
Diz Jesus à Santa Faustina em seu Diário: “Por meio desta Imagem concederei muitas graças às almas. Ela deve lembrar as exigências da Minha Misericórdia, porque mesmo a fé mais forte de nada serve sem as obras.” (Diário de Sta. Faustina – n° 742). A Imagem representa Jesus Ressuscitado que traz aos homens a paz pela remissão dos pecados pelo preço da Sua Paixão e morte na Cruz.
“O raio pálido significa a Água que justifica as almas, o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. ( …) Feliz aquele que viver à sua sombra.” (Diário de Sta. Faustina n° 299). A alma é purificada pelo sacramento do batismo e da reconciliação, enquanto que a Eucaristia alimenta-a abundantemente. Os dois raios significam os sacramentos e todas as graças do Espírito Santo, cujo símbolo bíblico é a água, e também a Nova Aliança de Deus com o homem, feita no Sangue de Cristo.
– “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia” (Diário Sta. Faustina n° 49)
A Festa da Misericórdia ocupa um lugar privilegiado entre todas as formas de devoção. Ela é celebrada no domingo seguinte ao Domingo de Páscoa e revela o profundo sentido teológico que há entre o Mistério Pascal e o Mistério da Misericórdia de Deus. Há uma estreita união entre estes dois mistérios divinos. A pedido do próprio Jesus, a Novena à Misericórdia Divina se inicia na sexta-feira santa e se encerra no sábado que antecede sua grande Festa, o Domingo da Misericórdia.
Os que rezam o Terço da Misericórdia oferecem ao Eterno Pai o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus Cristo em expiação pelos próprios pecados, dos seus entes queridos e os de todo o mundo e, unindo-se ao sacrifício de Jesus, recorrem aquele amor que o Pai celestial tem para com o seu Filho, e Nele para com todos os homens. Nesta oração clamam a misericórdia para si e para o mundo inteiro e, deste modo, fazem desta também uma obra de misericórdia.
“As almas que rezarem este Terço serão envolvidas pela Minha misericórdia durante sua vida, e de modo particular, na hora da morte.” (Diário Sta. Faustina n°754)
Jesus pediu a Santa Faustina que venerasse a Hora de Sua Santa Morte dizendo o seguinte; “Lembro-te minha filha, que todas as vezes que ouvires o bater do relógio, às três horas da tarde, deves mergulhar toda na minha Misericórdia, adorando-a e glorificando-a. Implora a onipotência dela em favor do mundo inteiro e especialmente dos pobres pecadores, porque nesse momento foi largamente aberta para toda alma. Nessa hora, conseguirá tudo para ti e para os outros. Nessa hora, realizou-se a graça para todo o mundo: a misericórdia venceu a justiça…”. (Diário Sta. Faustina n° 1572)
Informação especial encontra-se no Diário de Santa Faustina, em seu prefácio, quando diz que no Extremo Oriente chegou-se a construir relógios em que às três horas da tarde são assinaladas de modo especial para marcar “a grande Hora da Misericórdia” relembrando aos fiéis a hora da morte de Cristo na Cruz.