Sacramentos: de onde vem e para que servem?
Os Sacramentos são os meios sagrados que Deus usa para aplicar em nós a sua graça e santificar-nos. São sagrados por terem sido instituídos pelo próprio Cristo e têm como essência a vida pública de Jesus. A Igreja é o grande sacramento da salvação que Nosso Senhor instituiu para ministrar (distribuir) os sacramentos, pois ela é o Corpo de Cristo (1 Cor 12,28),
Conforme o Catecismo da Igreja Católica, número 1115, “as palavras e ações de Jesus durante sua vida oculta e durante seu ministério público já eram salvíficas. Antecipavam o poder de seu ministério pascal. Anunciavam e preparavam o que iria dar à Igreja quando tudo fosse realizado. Os mistérios da vida de Cristo são os fundamentos daquilo que agora, por meio dos ministros de sua Igreja, Cristo dispensa nos sacramentos, pois ‘aquilo que era visível em nosso Salvador passou para seus mistérios’. Os sacramentos são “forças que saem” do Corpo de Cristo sempre vivo e vivificante. São ações do Espírito Santo operante ao corpo de Cristo , que é a Igreja. São as obras-primas de Deus na Nova e Eterna Aliança.”
Segundo Léo Trese1, Sacramento “é um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo para santificar as nossas almas”. Ora, não estamos nós em busca da santidade? Por que dispensaríamos as graças que tanto auxiliam e alavancam a nossa santificação?
Sigamos em nosso entendimento a respeito do que seja Sacramento explicando os três elementos que o compõem:
1) Sinal sensível: é um sinal porque se não pudéssemos percebê-lo (através dos sentidos audição, visão e tato) deixaria de ser um sinal. Cada sacramento é um sinal do amor de Deus por nós. Nos Sacramentos, em cada etapa ou situação da nossa vida, Deus vem ao nosso encontro para nos amparar e nos socorrer. Este sinal consta sempre de matéria e forma. Exemplo: no Batismo, a matéria é a água (não pode ser outro líquido) e a forma são as palavras pronunciadas pelo batizante enquanto joga a água na cabeça do batizado. 2) Instituído por Jesus Cristo: Os Sacramentos foram instituídos por Cristo durante a sua vida mortal, deixando à Igreja o estabelecimento de seus ritos. Somente Deus pode ligar um sinal visível à faculdade de produzir graça. 3) Para produzir graça: por graça podemos entender a vida de Deus em nós; a graça nos faz partícipes da natureza divina. Então, os sacramentos comunicam a graça divina por virtude própria, ou seja cada um deles confere a graça que lhe é inerente. Um sacramento dá graça por si e em si, pelo seu próprio poder. Exemplo: o batismo confere a graça batismal, a Confirmação a graça crismal, o casamento a graça matrimonial e assim por diante. E graça é o que distingue os sacramentos, por exemplo, das orações, das obras e dos sacramentais.
Sendo o sacramento um sinal eficaz que transmite a graça de Deus, ele não depende do ministro, depende só de Cristo; e seus frutos dependem da disposição (preparação) com que a pessoa o recebe.
Leo J Trese explica que “podemos impedir por um ato positivo da vontade que a graça penetre em nossa alma, por exemplo por não querermos recebê-la ou por não nos arrependermos sinceramente do pecado mortal. Mas, se não se põe barreira direta ao recebermos um sacramento, recebemos a graça. O próprio sacramento dá a graça”. Já as nossas disposições interiores, essas sim, afetam a quantidade de graça que recebemos. Segue explicando Leo Trese: ”quanto mais viva a nossa fé, maior será a graça recebida. As nossas disposições não causam a graça, mas aumentam a capacidade da nossa alma para recebê-la”. Quanto as disposições de quem administra o sacramento, estas não influem em nada em seu efeito: “é uma grande desordem que um sacerdote administre um sacramento com sua alma em pecado mortal; mas isso não diminui a graça que o sacramento confere. Quem receber este sacramento obterá a mesma quantidade de graça, independentemente de que o sacerdote seja pecador ou santo”, explica Leo Trese.
“Ninguém ignora serem os Sacramentos ações de Cristo, que os administra por meio dos homens. Por isso, são santos por si mesmos e, quando tocam nos corpos, infundem, por virtude de Cristo, a graça nas almas”. (número 39 da Carta Encíclica Mysterium Fidei, Papa Paulo VI).
Por que são SETE os Sacramentos?
A Sagrada Escritura não enumera nem classifica em sete os sacramentos. Porém, conforme a vida pública de Jesus podemos observá-los em várias passagens bíblicas que veremos mais adiante, nas próximas formações, no estudo de cada um deles, concluindo, assim, que são sete.
Instituídos pelo próprio Salvador, os Sacramentos são prova do amor de Deus pelo homem, que procura ampará-lo com sua graça em todas as etapas e momentos importantes da vida de seus filhos, desde o início até a sua morte.
Para efeito de estudo, segundo o CIC os sete Sacramentos se dividem em três grupos: 1. Sacramentos da Iniciação Cristã 2. Sacramentos de Cura 3. Sacramentos de Serviço da Comunhão
Que a falta de conhecimento não nos permita perder as graças que o Senhor quer nos conceder através dos Sacramentos, que nos santificam e nos diferenciam dos demais cristãos. É um presente, como católicos, podermos participar dos sacramentos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, olhando com alegria, com fé e disposição interior cada um deles de modo a desejá-los ardentemente nos momentos e etapas da vida que deles podemos nos servir.
Como católicos, e membros de uma Comunidade, temos a obrigação de compreender e de dar a conhecer a todos a possibilidade que temos de continuamente participarmos da divindade de Cristo através dos Sacramentos. Pesa sobre nós a responsabilidade do conhecimento da fé que professamos: “Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos.” (Lc 17,1-2)
Desejemos as graças. Desejemos e amemos os Sacramentos!