Seguimos com as catequeses do Papa Francisco sobre o discernimento, em sua sétima catequese. Dessa vez, o Sumo Pontífice fala sobre a primeira modalidade afetiva presente no discernimento: a desolação.
O que é a desolação?
Segundo Santo Inácio, em seus exercícios espirituais, a desolação é a “obscuridade da alma, perturbação interior, impulso para coisas baixas e terrenas, inquietação devida a várias agitações e tentações: assim a alma inclina-se para a desconfiança, fica sem esperança e sem amor, torna-se indolente, tíbia, triste e como que separada do seu Criador e Senhor”.
Para o Sucessor de Pedro, é impossível termos uma vida sempre jubilosa e alegre, aliás, isso nem seria bom para nós. É importante termos o remorso daquilo que fizemos, uma vez que o Papa definiu remorso como sendo a consciência que morde. Através dele, “Deus toca o coração e vem-te algo dentro, a tristeza, o remorso por alguma coisa, e é um convite a iniciar um caminho”
“O homem de Deus sabe observar profundamente o que se move no coração.”
A tristeza
O Bispo de Roma nos dá uma outra indicação nos momentos de desolação: ler a tristeza. Ele destaca a importância da tristeza para cada um de nós, segundo Santo Tomas de Aquino: “[a tristeza] desperta a atenção diante de um possível perigo ou de um bem ignorado”. Para o Papa, é importante termos a tristeza, pois “seria muito mais grave e perigoso não ter este sentimento e ir em frente.” E nos dá um exemplo: “A tristeza às vezes age como um semáforo: ‘Pare, pare!’ Está vermelho aqui. Pare.”
Mas nem sempre ela é boa…
Para o Vigário de Cristo, para quem quer praticar o bem a tristeza é um obstáculo que deve ser vencido, pois através dele o tentador nos quer desencorajar. “Neste caso, deve-se agir exatamente ao contrário em relação ao que é sugerido, determinado a continuar com o que se tinha proposto cumprir”, segundo Santo Inácio.
“Para quem quer servir o Senhor, é importante não se deixar enganar pela desolação.”
Há uma regra que diz para não fazer mudanças quando se está desolado. “O tempo seguinte, e não o humor do momento, mostrará a bondade ou não das nossas escolhas.
As provações no caminho do cristão
Eclo 2,1- “Se quiseres servir a Deus, prepara a tua alma para a provação”, nos relembra o Sumo Pontífice. Jesus afastou as tentações com firme atitude, com determinação. O Papa nos adverte que, se queremos ir pelo bom caminho, devemos nos preparar, pois com certeza haverão obstáculos, tentações, momentos de tristeza.
“Não fujamos das provas: verificar o que significa esta prova, o que significa que estou triste: por que estou triste? O que significa que neste momento sinto desolação? O que quer dizer que estou em desolação e não posso ir em frente?”, nos aconselha o Papa. Ao final, nos encoraja! “Que o Senhor vos abençoe neste caminho- corajoso! – da vida espiritual, que é sempre caminhar.”