Por que estamos desolados? – Audiência Geral do Papa Francisco

Augusta Rainha!

Nessa semana, seguimos, junto com o Papa Francisco, com as catequeses sobre o discernimento. Nesta falaremos sobre um estado de espírito chamado desolação.

O que é a desolação?

O sucessor de Pedro começa nos dizendo o que é esse estado:

“Desolação é quando tudo é escuro, triste.”

Ele destaca para nós a importância desse estado: “se não houver um pouco de insatisfação, um pouco de tristeza saudável, uma capacidade salutar de habitar na solidão, de estar conosco próprios sem fugir, corremos o risco de permanecer sempre na superfície das coisas, sem nunca entrar em contacto com o centro da nossa existência.”. E continua falando mais sobre ela: “A desolação provoca uma ‘trepidação da alma’, quando alguém está triste é como se a alma tremesse; mantém-nos alerta, favorece a vigilância e a humildade, protegendo-nos contra os ventos do capricho.”

A desolação e a vida de santidade

O Sumo Pontífice, então, nos dá exemplos do que devemos fazer com esse momento no qual nossa alma é sacudida, citando os santos: “Não é boa esta serenidade artificial, mas é boa a saudável inquietude, o coração inquieto, o coração que procura encontrar caminhos. É o caso, por exemplo, de Agostinho de Hipona, ou de Edith Stein, ou de José Benedito Cottolengo ou de Charles de Foucauld.” Esses se afastaram da indiferença, abraçaram essa inquietação como um combustível para viver mais e melhor o Evangelho, levando em conta de que “sem entender os sentimentos seríamos desumanos, sem viver os sentimentos seríamos também indiferentes ao sofrimento dos outros e incapazes de aceitar o nosso”.

Um convite a gratuidade

Seguindo na oportunidade de crescer na desolação, o Papa segue nos ensinando: “A desolação é também um convite à gratuidade, a não agir sempre e unicamente em vista de uma gratificação emocional. Estar desolados oferece-nos a possibilidade de crescer, de começar uma relação mais madura, mais bela, com o Senhor e com os entes queridos, uma relação que não se reduza a uma mera troca de dar e receber”.

Mesmo as nossas orações, como diz o Bispo de Roma, são simplesmente pedidos de favores ditos a Deus, sem verdadeiro interesse por Ele. Temos aqui um convite: perguntemos ao Senhor como Ele está. Ainda que soe um pouco estranho, é um bonito modo de se estreitar a relação com Ele, om sua humanidade, com seu sofrimento.

“Faz-nos muito bem aprender a estar com Ele, a estar com o Senhor sem outro objetivo, exatamente como nos acontece com as pessoas de quem gostamos: desejamos conhecê-las cada vez mais, porque é bom estar com elas.”

Uma relação com o Vivente

Seguindo a catequese, o Papa nos alerta: “a vida espiritual não é uma técnica à nossa disposição, não é um programa de “bem-estar” interior que nos compete planificar. Não! A vida espiritual é a relação com o Vivente, com Deus, o Vivente, irredutível às nossas categorias.”

“A desolação consiste em não sentir nada, tudo escuro: mas tu procuras Deus na desolação.”

Animo, inclusive na desolação!

O Santo Padre nos anima a seguirmos no caminho de santidade, ainda que na desolação: “Não temais a desolação, levai-a avante com perseverança, não escapeis. E na desolação procurai encontrar o coração de Cristo, encontrar o Senhor. E a resposta chega, sempre.”

Concluindo, nos dá um conselho do que fazer se a voz do tentador nos quiser tirar da oração: “diante das dificuldades nunca devemos desanimar, por favor, mas enfrentar a provação com decisão, com a ajuda da graça de Deus que nunca nos falta. E se ouvirmos dentro de nós uma voz insistente, que nos quer distrair da oração, aprendamos a desmascará-la como a voz do tentador; e não nos deixemos impressionar: façamos simplesmente o contrário do que ela nos diz!”

Tudo por Jesus nada sem Maria