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Discernimento de Espíritos segundo Santo Inácio de Loyola – 5ª a 8ª regra

15/11/2022 . Formações

5a regra: O espírito maligno age como um sedutor e quer ficar oculto e não ser descoberto.

O espírito maligno age como um sedutor e quer ficar oculto e não ser descoberto. O demônio assemelha-se a um sedutor que fala: “Não digas a teu pai; não digas a teu marido”. Ao fazer o contrário, o jogo fica suspenso de antemão e ele perde. Também o demônio teme que revelem suas armadilhas ao confessor ou diretor espiritual, ou a um homem de Deus que conheça seus embustes.

“Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente.” (Ef 5, 10-11).

O caminho é colocar a tentação sofrida na confissão, num aconselhamento, comentar a um irmão maduro na fé… Não ocultem nada a seu confessor ou diretor; enquanto o demônio encontrar maiores razões para que não revelem algum detalhe, mais razões haverá para dizê-lo. Também pode-se consultar com um especialista, seja um sacerdote idoso ou um missionário que conheça você de muito tempo, um pároco mais antigo familiarizado com o estado da situação de sua família, um missionário ou um diretor de retiro que você frequentou muitas vezes. Mais que isso, vocês têm companheiros que jamais iriam procurar um sacerdote, mas, em vez disso, viriam expor suas dificuldades a vocês, porque não têm o costume de ir a um clérigo. Não tenham dúvida de se colocarem à disposição e tratar de ajudá-los.

Nunca esquecer-se que os cônjuges são para si verdadeiros diretores. Quantos esposos e esposas se ajudam mutuamente, rezam juntos e se consultam nos casos de escrúpulos e casos de consciência. Quantas mulheres e quantos homens são convertidos por seu cônjuge.

6a regra: O espírito maligno conhece nossas fraquezas.

O espírito maligno nos ataca usando nossas fraquezas, muitas vezes sutis e pequenas.

São Cipriano fala que o demônio é como um inimigo que armado dá voltas a um castelo, o sitia, observando-o atentamente para ver qual é a parte mais débil, menos segura (cf. De Coelo). Assim como um capitão ou comandante de uma tropa, acampando e examinando as forças ou disposição de um castelo, ataca-o pelo lado mais fraco, da mesma maneira, o inimigo da natureza humana, rondando à volta de nós, observa de todos os lados nossas virtudes teologais, cardeais e morais. Onde nos encontra mais fracos e mais necessitados quanto à nossa salvação eterna, por ali nos combate e procura tomar-nos. O demônio “ronda à nossa volta”, disse São Paulo, vê nossos pontos fracos.

Por onde atacará? Podemos saber de antemão: Você gosta de comida ou… bebida ou… o ócio ou… de elogios… é imprudente… lê o que aparece… não vigia o trato com os outros etc? Quantas catástrofes começam por pequenas imprudências! Quanto se vê a tantos sacerdotes, religiosos, cristãos muito avançados na vida interior que não avançam e, por vezes, retrocedem. Geralmente de onde vem isso? De uma grande dificuldade? Não. Existe uma pequena brecha desordenada, de gula por exemplo ou, com muita frequência, de respeito humano.

7a regra: O espírito maligno não faz verdadeiros milagres.

Os demônios não podem fazer verdadeiros milagres.

Estes pseudomilagres são a favor de uma doutrina equivocada. Somente Deus pode fazer milagres… verdadeiros milagres, sem causa precedente. Somente Deus pode criar, ou seja, fazer algo do nada. Somente Deus pode dar ou tirar a vida. Cada vez que os Espíritos, os anjos ou demônio, fazem algo, não podem criar; não podem fazer algo do nada. É preciso saber que os demônios podem realizar certos milagres secundários que, a bem da verdade, não são verdadeiros milagres. São para nós milagres relativos. Nesse sentido são mais inteligentes que nós, mais poderosos que nós, mas um verdadeiro milagre, sem valer-se de nada, somente Deus pode fazê-lo. Por exemplo, somente Deus pode ressuscitar um morto, verdadeiramente morto. Acredita-se que os prodígios do demônio, que não são realmente milagres, apresentam quatro sinais. É importante conhecê-los para evitar dissabores com pseudomilagres:

  1. Os demônios não podem fazer verdadeiros milagres; apenas podem efetuar milagres no sentido de que são mais fortes do que nós.
  2. Esses milagres não são para o bem.
  3. Geralmente estes pseudomilagres são a favor de uma doutrina equivocada.
  4. Os demônios não podem fazer nada sem a permissão de Deus. Os demônios podem fazer que surjam falsos estigmas, podem criar suor de sangue, levar a hóstia da mão do sacerdote à língua de uma visionária. Essas coisas o demônio pode fazer, mas, por outro lado, também o podem fazer os anjos bons. Como disse São João (IJo, IV,1): “Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus”.

Sobre esse ponto, disse Jesus a Santa Faustina que o demônio pode ocultar-se até sob o manto da humildade, mas não sabe vestir o manto da obediência (cf. Diário nº 939)

8a regra: O espírito maligno não pode obrigar uma pessoa a consentir no pecado.

Um demônio não pode obrigar a uma pessoa a consentir ao pecado; estamos em liberdade de fazê-lo. Os demônios podem atuar sobre a as faculdades sensíveis, mas não podem entrar em nossa alma e fazer com que esta diga que sim. Como Deus é tão bom por ter salvaguardado a cidadela de nossas almas! O demônio não pode saber o que pensamos a menos que o façamos saber. Não pode nos fazer dizer que sim; estamos em liberdade de fazê-lo.

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