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Entenda o censo que levou a Sagrada Família para Belém – não há erro histórico na Sagrada Escritura.

26/12/2022 . Formações

“Aconteceu que, naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria” (Lc 2, 1-2).

Quis a providência divina que a viagem da Sagrada Família para Belém e o nascimento de Jesus, fosse em ocasião de um decreto romano. Contudo, surge a seguinte dúvida quanto às datas referidas: como Jesus nasceu em ocasião do censo publicado por César Augusto, por volta do séc. 4 a.C., se o censo de Quirino é datado no séc. 6 d.C.? Haveria um erro histórico na Sagrada Escritura? Certamente não. Mas, como explicá-la?

De acordo com o Magistério:

O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Os livros inspirados ensinam a verdade. «E assim como tudo o que os autores inspirados ou hagiógrafos afirmam, deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus quis que fosse consignada nas sagradas Letras em ordem à nossa salvação”, cf. CIC nº 107.

De acordo com a Sagrada Escritura:

O nascimento do Messias em Belém já havia sido predito pelo profeta Miqueias (Mq 5,1s: “E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo”).

De acordo com a Sagrada Tradição:

Tertuliano, um dos padres da Igreja que compõe a Sagrada Tradição, afirma que o censo mencionado foi feito no tempo em que Sentio Saturnino era legado – delegado – da Síria (9-6 a.C.)

O termo grego “hegemon” (governador) tem o significado genérico de governante e pode ter sido usado para nomear qualquer pessoa em posição de poder.

Segundo S. Justino, mártir (século II), Quirino era unicamente procurator, ou seja, assistente de Saturnino que era, de fato, o governador da Síria, como afirma Tácito.

Historiadores e relatos:

“Cirinio, por sua vez, depois de ter vendido os bens de Arquelau e quando terminou a elaboração do censo, que, por ordem de Augusto, foi feito trinta e sete anos depois da derrota sofrida por Antonio na Actio…”

(JOSEFO Flávio. Antiguidades Judaicas, livro XVIII, 26. Edição de José Vara Donado)

Nesta passagem, Flávio Josefo é claro sobre o papel que Quirino desempenhou. Este foi o encarregado de dar um fim. Por esse motivo, pode-se pensar que o censo era popularmente conhecido na Judéia como censo cireneu e que isso poderia ter sido registrado nos arquivos de Roma.

Por fim, o testemunho da Lápis Tiburtinus confirma o fato de Quirino ter sido legado na Síria duas vezes. A primeira entre 10 e 7 aC por ocasião da guerra dos homonadenses, quando a administração civil estava nas mãos de outro administrador ou governador, incluindo Saturnino (8-6), em cujas ordens foi feito o censo, segundo Tertuliano. A outra como legatus após o ano 6 dC.

 Foi esse mesmo Quirino que teve um segundo imperium [mandato] na Síria, estendido à Judeia no ano 6 dC, quando esta ficou sob o controle direto de Roma; e como legado da Síria no ano 6 d. C., ele fez o inventário dos bens de Arquelau (herdeiro de Herodes), mas não podemos situar nesta data o nascimento de Jesus. E este censo foi feito por ordem do mesmo Quirino que esteve atuando no censo feito entre 8-7 aC.

Por que o censo se refere a Quirino?

Já entendemos, portanto, que os detalhes indicam que o censo, referido por Lucas como motivo para a viagem de José e de Maria, data do ano 3 a.C. Então, por que teria ele se referido a Quirino?

De fato, o recenseamento dirigido por Quirino é relatado em Atos 5, 37. Segundo relata o historiador Flavio Josefo em “Antiguidades Judias” (Livro XVIII, I), Quirino foi enviado por Augusto para administrar a justiça e efetuar o censo. Isso ocorreu como motivo da deposição do filho de Herodes, Arquelau, como etnarca da Judeia e a anexação dessa região ao território da Síria.

Os judeus, porém, não queriam aceitar o censo sobre seus bens e a execução sobre suas propriedades gerou uma insurreição popular dirigida por Judas, o Galileu. Portanto, o levantamento de Judas ficou associado na memória do povo ao nome de Quirino.

Fontes:

https://catolicismodigital.com/contextos/censo-romano/

https://presbiteros.org.br/comentario-exegetico-noite-de-natal/

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