O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS
O antigo nome deste sacramento, Extrema-Unção, tinha um significado litúrgico e começou a ser usado no final do século XII. Anteriormente a esse período, e tal como nos dias atuais, a Igreja usa o termo Unção dos Enfermos.
O termo Extrema-Unção indicava liturgicamente que este sacramento se tratava da última das quatro unções que um cristão podia receber, as unções do Batismo, da Confirmação, da Ordem Sagrada e por fim, a Extrema-Unção. Como os fiéis não entendiam que o sacramento se tratava da unção ‘última’ (a última das quatro!), havia a interpretação errônea de que, ao recebê-la, o mais provável era que a pessoa morresse. Por esse motivo o Concilio Vaticano II achou oportuno dar novamente preferência ao termo Unção dos Enfermos, que utilizamos nos dias de hoje.
“Curai os enfermos!”(Mt 10,8). A Igreja recebeu esta missão do Senhor e se esforça por cumprí-la tanto pelos cuidados aos doentes, como pela oração de intercessão com que os acompanha (CIC 1509). Ela reconhece um rito próprio em favor dos doentes, que foi atestado por São Tiago: “Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, estes lhe serão perdoados” (Tg 5,14-15). A Tradição reconheceu neste rito um dos Sete Sacramentos da Igreja (CIC1510).
Portanto, a Igreja crê e confessa que existe, entre os Sete Sacramentos, um sacramento especialmente destinado a reconfortar aqueles que são provados pela enfermidade: a Unção dos Enfermos. Esta unção sagrada foi instituída por Cristo como sacramento do Novo Testamento, conforme insinuado por Marcos no capítulo 6 versículo 13 “…ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam”, recomendado aos fiéis e promulgado por Tiago (Tg 5,14-15), como já citado anteriormente.
Quem pode receber este sacramento?
Este não é um sacramento só daqueles que se encontram às portas da morte, mas podem recebê-lo aqueles que correm perigo de morte por motivo de doença, debilitação física ou velhice. (CIC 1514). É um sacramento que pode ser administrado mais de uma vez em caso de se recair em doença grave ou se a doença se agravar. Também permite-se administrá-lo antes de uma cirurgia de alto risco e em pessoas de idade avançada, cuja fragilidade se acentua. (CIC 1515 e 1529)
Quem pode administrar este sacramento?
Somente os sacerdotes, bispos e presbíteros, são os ministros deste sacramento. Ao administrá-lo, os sacerdotes ungem com o óleo a fronte e as mãos do enfermo (CIC 1516, 1530). Este óleo, chamado Óleo dos Enfermos ou ‘Santos Óleos’ é um dos três que o bispo da diocese abençoa na sua catedral na manhã de Quinta-Feira Santa. Os outros dois óleos são o Santo Crisma e o Óleo dos Catecúmenos, utilizado no Batismo.
Enquanto faz as unções, o ministro recita a seguinte oração: “Por esta santa unção e por sua piíssima misericórida, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que liberto dos teu pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos” (CIC 1513). Ao receber este sacramento o enfermo recebe a graça do reconforto, e a paz e a coragem para vencer as dificuldades próprias do seu estado de enfermidade ou de sua fragilidade na velhice (CIC 1520).
A Unção dos Enfermos é mais um ato de misericórdia de Deus para com seus filhos e expressa o seu desejo de levar a todos para o Céu.
À nossa natureza humana Deus dotou um forte apego a vida, chamado instinto de conservação. Esse apego visa garantir os cuidados com o nosso corpo físico não expondo nossa vida a perigos desnecessários. Se sobre nós paira o medo da morte no instinto de defender e preservar a vida, isso é parte da natureza humana. Foi para combater esse medo e também para compreender que o sofrimento pode ter o sentido redentor, que Deus nos outorgou o Sacramento da Unção dos Enfermos. Ele é graça que alivia a angústia e dissipa o medo. Também pela Unção, o enfermo recebe o aumento da graça santificante, uma vez que este sacramento requer que a pessoa que o recebe esteja livre de pecado mortal.
Quantas graças nos concedem os sacramentos. Quanto mais os conhecemos, mais podemos desejá-los e amá-los!
Como cristãos, e mais especialmente como membros de uma comunidade que tem os olhos voltados à prática da misericórdia, é nosso dever levar a conhecer àqueles que estão a nossa volta, e que passam por enfermidades, a grande graça que é receber este sacramento. Há muitos que estariam em condições de receber a Unção, mas que morreram sem recebê-la por descuido de quem os assistem. Tão pouco devemos ter o receio de aborrecer um sacerdote se o chamamos para atender uma pessoa que esteja gravemente doente. Seria uma falta de caridade negligenciar o pedido da Unção a um sacerdote para alguém que está em perigo de morte:
Cân. 1001 — Procurem os pastores de almas e os parentes dos doentes que estes sejam confortados em tempo oportuno com este sacramento.
Considerado sacramento de cura, na Unção Cristo continua a nos tocar para nos curar, tal como fazia em sua vida pública: os doentes procuravam tocá-lo “porque dele saía uma força que a todos curava” (cfe Lc 6,19).
Mas as curas que Jesus realizava eram também sinais da vinda do Reino de Deus e a vitória sobre o pecado e a morte por sua Páscoa (CIC1505): “...desceram o leito em que jazia o paralítico. Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: “Filho, perdoados te são os pecados…” (Mc 2,4-5).
Fontes: