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Purgatório: manifestação da misericórdia de Deus

16/11/2023 . Formações

Após a Celebração dos Fiéis Defuntos, que celebramos recentemente e rezamos para que as almas do Purgatório sejam levadas à presença de Deus no Céu, podemos refletir sobre o Purgatório e a sua importância, para nós católicos, como um grande ato da misericórdia divina.

Deus, ao nos deixar o Purgatório, nos concede a chance de nos purificarmos para, enfim, estar em Sua presença. A alma, mesmo em estado de graça, pode ter a mancha do pecado, o que a impede de contemplar Deus face a face. Então, por graça divina, temos o Purgatório!

Mas, como é o Purgatório? Santa Catarina de Gênova deixou escritos que retrata o Purgatório como o lugar da purificação das almas, um fogo interior, como relatou Papa Bento XVI, na Audiência Geral de 12 de janeiro de 2011: “A santa fala do caminho de purificação da alma, rumo à plena comunhão com Deus, a partir da própria experiência de profunda dor pelos pecados cometidos, em relação ao amor infinito de Deus (cf. Vida admirável, 171v).” De acordo com Santa Catarina, o Purgatório “é o lugar onde há mais alegria e mais sofrimento do que tudo o que conhecemos neste mundo”. Sofrimento porque as dores do Purgatório são comparadas ao fogo, como nos diz São Paulo na sua Primeira Carta aos Coríntios: “Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) irá demonstrá-lo. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo (1Cor 3, 12-15).” E alegria porque as almas, na certeza de cumprir a vontade do Pai e sabendo que vão ver a Deus, não poderiam estar, senão, alegres.

A Igreja diz, sobre o Purgatório, que “as almas dos justos que no instante da morte ainda estão marcadas por pecados veniais ou por penas temporais devidas pelo pecado vão para o Purgatório e os fiéis vivos podem ajudar as almas do Purgatório por meio de suas intercessões (sufrágios)” (Ludwig Ott, Manual de teología dogmática. 7. ed. Barcelona: Herder, 1969).

Será que nós, os fiéis vivos, estamos ajudando as almas do Purgatório? “Não”, responde São Francisco de Sales,  “nós não nos lembramos o suficiente de nossos queridos amigos que partiram. Sua memória parece extinguir-se com o ressoar dos sinos fúnebres. Esquecemo-nos que a amizade que tem fim, mesmo na morte, não foi jamais uma amizade genuína”. E como podemos ajudar as almas do Purgatório? Santo Agostinho diz que “uma das obras mais santas, um dos melhores exercícios de piedade que podemos praticar neste mundo é oferecer sacrifícios, esmolas e orações pelos defuntos” (Hom., XVI). Também o já citado São Francisco de Sales diz: “Assistir as almas do Purgatório é realizar a mais excelente das obras de misericórdia, ou melhor, é praticar da forma mais sublime todas as obras de misericórdia juntas: é visitar os doentes; é dar de beber aos que têm sede da visão de Deus; é dar de comer aos que têm fome, é visitar os encarcerados, é vestir os nus, é procurar para os pobres exilados a hospitalidade da Jerusalém celeste; é confortar os aflitos, é instruir os ignorantes — é, em suma, praticar todas as obras de misericórdia em uma.”

            O Concílio de Trento declara que as almas do Purgatório são assistidas pelos sufrágios dos fiéis, ou seja, nós podemos oferecer a Deus as nossas orações e as nossas boas obras, na medida em que elas sejam impetratórias ou satisfatórias. Para explicar melhor, saibamos que cada uma de nossas boas obras, quando praticadas em estado de graça, possui ordinariamente um triplo valor aos olhos de Deus:

  1. A obra é meritória, ou seja, aumenta o nosso mérito, dando-nos direito a um novo grau de glória no Céu.
  2. É impetratória (de “impetrar”, “obter”), ou seja, como uma oração, ela tem a virtude de alcançar graças de Deus.
  • É satisfatória, ou seja, tem a capacidade de satisfazer à Justiça Divina e pagar o débito de nossas penas temporais diante de Deus.

O mérito é inalienável e permanece como propriedade da pessoa que realiza a ação. Os valores impetratório e satisfatório, ao contrário, podem beneficiar a outrem, em virtude da comunhão dos santos.

Então, quais os sufrágios, de acordo com a doutrina da Igreja, com que podemos ajudar as almas do Purgatório? Orações, esmolas, jejuns, penitências, indulgências e o santo sacrifício da Missa. Todas as obras que nós realizamos em estado de graça, Nosso Senhor Jesus permite que as ofereçamos a Deus Pai para alívio de nossos irmãos no Purgatório.

Em relação às indulgências, a Via Sacra – Via Crucis, o Caminho da Cruz – é uma devoção eficaz para conceder aos fiéis defuntos o repouso eterno. Segundo o Manual das Indulgências, “concede-se indulgência plenária ao fiel que fizer o exercício da Via Sacra piedosamente”, podendo essa indulgência aplicar-se aos defuntos como sufrágio e levando-se em conta o seguinte (conc.63):

  1. O piedoso exercício deve-se realizar diante das estações da via-sacra, legitimamente eretas.
  2. Requerem-se catorze cruzes para erigir a via-sacra; junto com as cruzes, costuma-se colocar outras tantas imagens ou quadros que representam as estações de Jerusalém.
  • Conforme o costume mais comum, o piedoso exercício consta de catorze leituras devotas, a que se acrescentam algumas orações vocais. Requer-se piedosa meditação só da Paixão e Morte do Senhor, sem ser necessária a consideração do mistério de cada estação.
  1. Exige-se o movimento de uma para a outra estação. Mas, se a via-sacra se faz publicamente e não se pode fazer o movimento de todos os presentes ordenadamente, basta que o dirigente se mova para cada uma das estações, enquanto os outros ficam em seus lugares.”

            “Mencione-se ainda que a Via Sacra é um ato de piedade com o qual se pode ganhar a indulgência plenária em cada dia do ano. O mesmo se dá com a “adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora” (conc. 3); a “leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora” (conc. 50) e a “recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação” (conc. 48). Estamos falando, portanto, de uma devoção que, seja por conta da excelência de seu objeto, seja em razão das indulgências que lhe são anexas, constitui um sufrágio de altíssimo valor para as santas almas do Purgatório.”

O nosso pai e fundador, Pe. Alexandre Paciolli exorta os membros da Comunidade Olhar Misericordioso a praticar as devoções da Via Sacra, o Santo Terço, da Missa Diária, da meditação diária da Sagrada Escritura, enfim, práticas de piedade que podem ser oferecidas em sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos que padecem no Purgatório.

Como fazer para evitar o Purgatório? O que é necessário fazer para ir direto para o Céu? Madre Maria Angélica da Anunciação, fundadora do grupo EWTN, sigla em ingês para Eternal Word Television Network (Rede de Televisão Palavra Eterna, lit.), espondeu a essa pergunta em um programa. Clique aqui e confira o vídeo em que Madre Maria Angélica nos “revela o segredo” para “pular” o Purgatório.

 

Referências:

padrepauloricardo.org

vatican.va – A Santa Sé

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