A quaresma é tempo de limpar e enfeitar a casa por dentro. Convém que vivamos sempre de modo sábio e santo, dirigindo nossa vontade e nossas ações para aquilo que sabemos agradar a Deus
São Leão Magno
É chegado o tempo da Quaresma e, para bem vivê-la, é importante tomarmos a firme propósito de mudança interior em busca da santidade ao longo destes quarenta dias antes da Páscoa. Ao prescrever aos fiéis as penitências quaresmais — jejum e abstinência —, a Igreja nos lembra do homem velho e egoísta que vive dentro de nós e que precisa ser mudado sob a mortificação dos nossos sentidos, da nossa falta de caridade, dos obstáculos voluntários que opomos à ação da graça.
Para que esse trabalho de purificação interior seja sério e acessível, não nos enchamos de promessas fora de alcance; antes, com humildade e bom senso, peçamos a Deus a graça de podermos viver fielmente ao menos um propósito concreto de mortificação e, sobretudo, de oração. Fechados um pouco mais aos prazeres sensíveis, abramo-nos nestes dias ao amor, ao sacrifício, à penitência silenciosa e discreta.
40 dias com Jesus no Deserto
Inicia-se na Quarta-Feira de Cinzas e vai até o Domingo de Ramos.
“Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto”(CIC, 540).
Ao propor aos seus fiéis o exemplo de Cristo que se retira para o deserto, prepara-se para a celebração das solenidades pascais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da vida cristã e uma atitude penitencial. “Jesus é o novo Adão, que ficou fiel onde o primeiro sucumbiu à tentação” (CIC, 539).
A bênção e imposição das cinzas realiza-se dentro da Missa, e sua fórmula de imposição inspiram-se na Sagrada Escritura (Gn 3, 19 e Mc 1, 15). As cinzas procedem dos ramos benzidos no Domingo da Paixão do Senhor, do ano anterior, seguindo um costume que remonta ao século XII. A fórmula da bênção lembra a condição de pecadores de quem as vai receber. Simboliza a condição débil e caduca do homem, que caminha para a morte, a sua situação pecadora, a oração e a prece ardente para que o Senhor venha em seu auxílio, a Ressurreição, já que o homem está destinado a participar do triunfo de Cristo.
Qual o sentido de praticar abstinência e jejum?
«Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, «o saco e a cinza», os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa atitude cm sinais visíveis, gestos e obras de penitência (cf. Jl 2,12-13; Is 1,16-17; Mt 6,1-6. 16- 18).” (CIC, 1430)
Que tipo de penitência a Igreja prescreve?
“A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. A par da purificação radical operada pelo Batismo ou pelo martírio, citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade «que cobre uma multidão de pecados» (1 Pe 4, 8).” (CIC, n.1434)
Como Cristo morreu numa sexta-feira, a Igreja estabeleceu todas as sextas-feiras do ano, como dia obrigatório a abster-se de carne. Já na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor, a abstinência e o jejum. O jejum prescrito pela igreja consiste em tomar uma só refeição completa no dia e dois pequenos lanches. O desprezo de tais preceitos consiste em pecado grave. A lei da abstinência obriga os que tenham completado catorze anos, e dura toda a vida. A obrigação de jejuar começa aos dezoito anos e termina quando entra nos sessenta (Direito Canônico – Cân. 1252).
TUDO POR JESUS, NADA SEM MARIA!