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Sacramento da Penitência e da Reconciliação

08/03/2021 . Formações

Sacramento da Penitência e da Reconciliação

Talvez você já tenha escutado uma dessas frases: “Por que me confessar com um padre se converso e posso confessar-me diretamente com Deus?”. Ou, “Não, eu não acredito nisso de confissão e de falar tudo a um padre.”

Assim como eu, talvez você já tenho se encontrado com pessoas avessas a confissão sacramental. Muitos a evitam por não compreenderem o seu real significado, arranjam mil desculpas para não buscá-la e alegam que o padre é humano e que nele há também muitos pecados.

Lamentável, pois os que pensam assim não compreendem verdadeiramente a fé católica e pouco desfrutam das graças que o Senhor quer nos conceder através de sua Igreja. Recusam a confissão sacramental e acabam por dispensá-la por medo, por vergonha, por orgulho, por vaidade, por ignorância ou por comodidade. Julgam-se auto-suficientes ou confiam unicamente na misericórdia divina, esquecendo-se que o Senhor, sim, é misericórdia, mas também é justiça. Claro, devemos confiar na misericórdia de Deus, mas há que fazer a nossa parte.

Se os sacramentos foram instituídos por Jesus Cristo para santificar as nossas almas e se estamos nós em busca da santidade, por que dispensaríamos essa graça que tanto auxilia e alavanca a nossa santificação? O Sacramento da Penitência ou Reconciliação nos oferece a cura das fraquezas de nossa alma.

Buscar a confissão sacramental é ir de encontro a misericórdia divina no exercício da humildade. É desejar a conversão, fazendo o caminho de volta ao Pai, e crer no perdão de Deus concedido pela absolvição sacramental que restabelece em nós a graça santificante adquirida no Batismo, mas que foi perdida pelo pecado cometido após o Batismo.

“Mas eu não gosto de me confessar com o padre!” Leo Trese nos explica que não se trata de gostar ou não da confissão ou de preferir que os pecados sejam perdoados de outra maneira, e segundo a nossa conveniência. A questão é saber ‘como’ Deus quer que eles sejam perdoados. Não temos a liberdade de escolher ou recusar algo que foi instituido por Jesus Cristo, verdadeiro Deus, pois assim como os demais, este sacramento foi instituído por Ele e não por um capricho da Igreja.

Por que ir ao padre para receber o perdão e a absolvição dos pecados?

Encontramos nas Escrituras Sagradas que devemos nos confessar uns aos outros: “Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados” (Tg 5,16). Se considerássemos essa passagem de forma isolada, não precisaríamos ir a um sacerdote para sermos perdoados. Um bom bate-papo “confessando” os pecados com nosso melhor amigo ou com nosso cônjuge, por exemplo, já nos seria o suficiente para sermos perdoados, certo? Errado! É preciso ir além daquilo que nos é conveniente
saber, aprofundando-nos mais na Palavra de Deus.

O padre é humano, e como homem ele também se confessa e desfruta das graças deste sacramento. Porém, ao sacerdote, através do Sacramento da Ordem, foi concedida a autoridade divina que lhe confere as condições necessárias para perdoar e absolver os pecados. “O confessor não é o senhor, mas o servo do perdão de Deus” (CIC 1466).

Muitas afirmações que ouvimos por ai buscam justificar a aversão a este sacramento: “eu me confesso com Deus”, ou “ah, mas eu não gosto do padre tal”, ou, “aquele padre é meu amigo, ele vai me olhar e sempre irá me julgar em pensamento se eu lhe confessar meus pecados”. Mas há que se compreender pela fé e pela razão, os benefícios que a confissão sacramental traz a uma alma. “Os que recebem o Sacramento da Penitencia com coração contrito e disposição religiosa podem usufruir a paz e a tranquilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual” (CIC
1468).

Em Mateus 9,6 lemos, “…saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados”. Essa afirmação se estende no versículo 8, após a cura que Jesus concede ao paralítico, quando o evangelista narra que , “a multidão glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens”. Ou seja, a autoridade que Deus Pai concedeu ao Filho para perdoar, foi também concedida aos homens!

Quem seriam esses “homens”?

Cân. 965 — O ministro do sacramento da penitência é somente o sacerdote.
Em João 20,21 Jesus diz aos discípulos: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”, e segue dizendo-lhes, “recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados, àqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos.” (Jo 20, 22-23).

Quantas evidências encontramos na Sagrada Escritura de que devemos nos confessar com um sacerdote: “Em verdade, todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”. (Hebreus 5,1).

Cristo tinha o poder recebido do Pai para perdoar os pecados e este poder Ele comunicou aos apóstolos e por eles, aos seus sucessores através da Igreja. Portanto, a confissão sacramental e a autoridade de perdoar concedida aos sacerdotes, não é uma invenção da Igreja, mas um desejo do Senhor. Dos sacerdotes recebemos o perdão do Céu, graça santificante, e somente à eles devemos confessar nossos pecados quando, desejando o Céu, temos a intenção de receber o perdão e a absolvição divina de nossos pecados pelos méritos de Cristo.

Atos do penitente : O Sacramento da Penitência é constituído de 3 atos do penitente mais a absolvição dada pelo sacerdote. Os atos do penitente são o arrependimento (ou contrição), a confissão (declaração/manifestação) dos pecados ao sacerdote e o propósito de cumprir a penitência e as obras de reparação (conforme CIC 1491).

O que é contrição? O Concílio de Trento definiu como contrição “um pesar de coração e detestação do pecado cometido, com o propósito de nunca mais cometê-lo”.
Cân. 987 — Para alcançar o remédio salutar do sacramento, o fiel deve estar de tal maneira disposto que, arrependido dos pecados cometidos e com o propósito de se emendar, se converta a Deus.

O que o Sacramento da Penitência nos concede? Através do Sacramento da Penitência o homem recebe o perdão dos pecados cometidos depois do Batismo. Sua finalidade é restaurar na alma do pecador a vida divina recebida no Batismo e que foi apagada pelo pecado cometido após o Batismo. Este sacramento restaura a graça santificante.

Condições para receber dignamente o Sacramento da Penitência:
– Fazer Exame de Consciência (esforço sincero em recorda todos os pecados cometidos desde a última confissão válida)
– Arrepender-se dos pecados (dor sincera dos pecados cometidos)
– Fazer o propósito de não mais pecar
– Confessar (declarar) os pecados ao sacerdote
– Cumprir a penitência imposta pelo confessor (a penitência prescrita pelo sacerdote tem eficácia sacramental que significa
grande poder de reparação; ela não deve ser negligenciada.

O que devo confessar?

Cân. 988 — § 1. O fiel tem obrigação de confessar, na sua espécie e número, todos os pecados graves de que se lembrar após diligente exame de consciência, cometidos depois do batismo e ainda não diretamente perdoados pelo poder das chaves da Igreja e nem acusados em confissão individual.
— § 2. Recomenda-se aos fiéis que confessem também os pecados veniais.
“Se alguém vai confessar-se sem pecado mortal, nem por isso o sacramento é recebido em vão. Neste caso, a alma recebe um incremento de graça santificante, o que significa que se aprofunda e se fortalece aquela participação na vida divina pela qual a alma está unida a Deus” (Leo Trese, A Fé Explicada).

A confissão nos ajuda também no caminho da virtude?

A confissão é um meio extraordinariamente eficaz para progredir no caminho da perfeição. Além de nos dar a graça “medicinal” própria do sacramento, faz-nos exercitar as virtudes fundamentais de nossa vida cristã. A humildade acima de tudo, que é a base de todo o edifício espiritual, depois a fé em Jesus Salvador e em seus méritos infinitos, a esperança do perdão e da vida eterna, o amor para Deus e para o próximo, a abertura de nosso coração à reconciliação com quem nos ofendeu. Enfim, a sinceridade, a separação do pecado e o desejo sincero de progredir espiritualmente.

Peçamos com insistência ao Espírito Santo o dom do Temor de Deus: “É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender a Deus pelo mesmo pecado e de ser separado dele.”(CIC 1432).

Que o horror ao pecado nos faça buscar com frequência este sacramento, pois ainda que seja para dele nos valermos confessando os pecados veniais (e que assim seja!), estaremos recebendo o incremento da graça santificante e experimentando progressos em nossa vida espiritual.

Tudo por Jesus, nada sem Maria!

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