Conheça a história de São João Paulo II, co-padroeiro da Comunidade Olhar Misericordioso.
Karol Wojtyla nasceu em 18 de maio de 1920, na Polônia, em Wadowice, uma pequena cidade a 50 km da Capital, Cracóvia. Ele nasce no chamado “ano do Milagre do Vístula” (essa foi a denominação da Batalha de Varsóvia). Depois da 1a Guerra Mundial, o governo soviético tentou dominar a Polônia e tornar aquele país território russo. Os dois países batalharam por volta de 3 anos e após a Batalha de Varsóvia houve uma trégua entre os dois países que libertou a Polônia.
Lolek, apelido de infância de Karol, morava num modesto apartamento junto com seu pai, sua mãe e seu irmão mais velho. Aos 9 anos foi submetido a uma pesada cruz, que foi a morte de sua mãe. Três anos depois, ocorre a morte de seu irmão. Assim, quando Lolek tinha apenas 12 anos, sua família se resumia ao menino e seu pai.
Mais tarde, São João Paulo II, em seu livro “Dom e Mistério”, escreve: “a preparação para o sacerdócio, recebida no seminário, foi de algum modo precedida pela vida e pelo exemplo dos meus pais em família”.
A Polônia da infância e da juventude de Karol não era só dos poloneses. Era um país habitado por muitas etnias. Por exemplo, 20% da população era composta por judeus. A fé religiosa do pequeno Karol desenvolve-se vivendo lado a lado com pessoas de outras etnias e tradições religiosas. Tal fato leva, mais tarde, à característica da espiritualidade de Karol de viver e respeitar muito bem as diferenças.
Depois de terminar seus estudos regulares, em meados de 1938, Karol se muda para a Cracóvia para estudar literatura. Três anos depois, em 1941, Karol perde seu pai.
Depois de ter mudado para a Cracóvia se inicia a 2ª Guerra Mundial. Em 1939 a Polônia é invadida pela Alemanha e os judeus, que naquela época eram mais ou menos 40.000 pessoas, são expulsos da Polônia ou enviados para um gueto, criado pelos alemães, fechados por muros. Os judeus que ali permaneceram foram levados para Auschwitz, um dos piores campos de concentração nazista do mundo, ou acabaram sendo mortos ali mesmo. Karol presenciou o extermínio dos judeus, que eram seus amigos da faculdade, vizinhos, pessoas de sua vida comum.
A vida dos poloneses na 2a Guerra também não foi fácil. Havia racionamento de comida, os poloneses foram obrigados a trabalhar, se não eram deportados. Por isso, Karol vai trabalhar em uma mina de carvão.
Karol é chamado ao sacerdócio no ambiente de elevado sofrimento, quando ele já estava vivendo o isolamento social da guerra e da morte de seus familiares. Já Papa ele disse: “o amadurecimento definitivo da minha vocação sacerdotal acontece no período da 2a Guerra Mundial, durante a ocupação nazista… perante o alastramento do mal e das atrocidades da guerra, tornava-se-me cada vez mais claro o sentido do sacerdócio e da sua missão no mundo”.
O seu itinerário em direção ao sacerdócio passa por algumas experiências místicas transformadoras:
(i) conheceu os ensinamentos de São João da Cruz;
(ii) foi-lhe apresentado o Tratado da Verdadeira devoção à Santíssima Virgem de São Luís Maria Grignion de Monfort, que mudou sua relação de devoção à Virgem Maria e que, de onde, mais tarde, retira a expressão que se torna lema de seu sacerdócio e papado: “Totus tuus” e;
(iii) a atração pela mensagem da misericórdia de Deus que lhe chega de Faustina Kowalska, que morreu, na Cracóvia, um pouco antes de ele ter chegado à cidade. Mais tarde, já Papa, ele diz: “a visão da Irmã Faustina foi uma resposta àquelas ideologias do mal que foram o nazismo e o comunismo: a única verdade capaz de contrabalançar aquelas ideologias era que Deus é misericordioso”.
Em Outubro de 1942 bateu às portas do palácio arcebispal de Cracóvia pedindo para entrar no seminário clandestino, tempos também nada fáceis. Ele foi atropelado por um caminhão do exército alemão e ficou internado por 2 semanas. Entendeu sua cura como uma confirmação ao sacerdócio. Há relatos de que ele ajudou alguns judeus a se esconderem dos nazistas. Fugiu da prisão dos nazistas aos poloneses, que tentaram se rebelar contra a invasão soviética. Ajudou na reconstrução do seminário, quando os alemães, finalmente, saíram do território polonês. Em 1o de Novembro de 1946 foi ordenado sacerdote.
Karol se tornou sacerdote em meio a uma Polônia devastada pela 2a Guerra, num cenário de penúria, mas de reconstrução da nação. Enfrentou o soerguimento da Europa em meio a dúvidas e à Guerra Fria travada pela Rússia e Estados Unidos. Viu, também, crescer a força comunista e movimentos marxistas e freudianos que traziam uma descrença ao Cristianismo e uma ameaça à Igreja Católica.
A 4 de Julho de 1958, Pio XII nomeou-o bispo auxiliar de Cracóvia. Recebeu a ordenação episcopal a 28 de Setembro seguinte. Primeiro como auxiliar e depois, a partir de 13 de Janeiro de 1964, como arcebispo de Cracóvia, participou em todas as sessões do concílio Vaticano II. A 26 de Junho de 1967 foi criado cardeal por Paulo VI.
Em agosto de 1978, após a morte do Papa Paulo VI, o Cardeal Wojtyla votou no conclave papal que elegeu Papa João Paulo I. João Paulo I morreu após somente 33 dias como Papa, precipitando assim um outro conclave.
O Colégio de Cardeais queria um Papa Italiano, mas os dois Cardeais vistos como aptos para a disputa tinham visões antagônicas (um era conservador e outro tinha características liberais). A eleição de um Papa italiano poderia ser encarada como um movimento político, já que a Itália que saia do Fascismo, ainda passava por grandes transformações e discussões políticas. Após algumas votações nesses dois candidatos, sem que se chegasse a uma maioria, o colégio dos Cardeais começou a refletir que o novo Papa deveria ser uma figura neutra, que tivesse uma grande aceitação nos países em que o Cristianismo crescia, como os da África e da América Latina, e que pudesse enfrentar a crise da perda de fiéis na Europa, causada pelo Marxismo e Comunismo. Também deveria ser um Papa jovem, pois como o anterior tinha tido um tempo muito curto de Papado, não poderia ser um Papa de transição. O nome de Karol começou a ser cogitado, pois, apesar de pouco conhecido dos fiéis, era muito conhecido entre os
bispos e cardeais, pois era muito aplicado, estudioso e sério.
Na tarde de 16 de Outubro de 1978, depois de oito escrutínios (votações), foi eleito Papa João Paulo II, com 58 anos. Primeiro Pontífice polonês da história e primeiro não italiano depois de quase meio milênio, desde o tempo de Adriano VI (1522-1523).
São João Paulo II, rogai por nós!
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