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“Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Fl 4, 4) exorta São Paulo aos cristãos de Filipo para lembrá-los de que são “cidadãos do céu” (3, 20) e que devem viver “de maneira digna do evangelho de Cristo” (1, 27), “com humildade (…) e não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros” (2, 3-4). O Apóstolo fala de alegria enquanto está acorrentado, e os destinatários de sua carta têm adversários, sofrem e enfrentam o mesmo combate que ele (cfr. 1, 28-30), e devem ter cuidado com os judaizantes (cfr. 3, 2-3). Portanto, para os cristãos, alegria não é o resultado de uma vida fácil e sem problemas, ou algo subordinado a mudanças de circunstâncias ou humor, mas uma atitude profunda e constante nascida da fé em Cristo: “E nós, que cremos, reconhecemos o amor que Deus tem para conosco” (1Jo 4, 16). A mensagem cristã que nos foi transmitida tem como objetivo entrar em comunhão com Deus “para que a nossa alegria seja completa” (1Jo 1, 4).
A alegria, portanto, que estamos tratando aqui tem um significado bem específico, assemelhando-se ao da da palavra de origem grega, Eutrapelia. Esta palavra antiga significa “alegria, brincadeira, bom humor”, e é uma virtude importante, que também se traduziu em arte, uma arte especial, que graças a Deus há séculos não sai de moda, e que se expressa por meio da literatura, do teatro, do desenho e muito mais. É a arte de fazer as pessoas rirem. O bom humor, muito diferente da sátira, que consiste não tanto no rir, mas no zombar.
Numa época que oscila entre uma seriedade soberba e cheia de si e uma sátira maldosa e corrosiva, a Alegria é uma virtude que deveria ser recuperada. Predomina, atualmente, a gargalhada desbocada, quando precisaríamos, ao invés, de um sorriso bom. Além disso, a Alegria é uma virtude relacionada com a modéstia: ajuda-nos a não darmos demasiada importância a nós mesmos e a não sermos orgulhosos. Chesterton, um grande praticante desta virtude, dizia que a razão pela qual os anjos voam é que eles levam as coisas com leveza.
A diversão não é um fim, portanto, mas um meio para sermos melhores: a virtude do bom humor nos dá aquele tipo de desapego e de elegância espiritual que torna possível vermos e apreciarmos os aspectos jocosos da vida: virtude de santos, de místicos e de todos aqueles que não hesitam em se lançar com entusiasmo em resposta ao convite de Cristo.
Entre os santos, foram grandes exemplos dessa virtude São Francisco de Assis, São Filipe Néri, mas também São Francisco de Sales, que na sua Filotéia especificava as características de um bom humor cristão que, em primeiro lugar, deve alegrar o coração e não ofender ninguém. Um dos piores defeitos do espírito é o de ser zombeteiro: Deus odeia muito este vício e sabemos que o puniu com castigos exemplares. Nosso dever é, então, ensinar a nossos filhos de que nenhum vício é tão contrário à caridade, do que o desprezo e a zombaria do próximo.
Por fim, é preciso dar uma resposta àqueles que dizem que o cristianismo é chato, que é um conjunto de regras morais que tiraram a felicidade do homem e os prazeres que lhe teriam vindo do antigo paganismo. Para estes, é possível responder com a alegria de viver dos santos, que demonstram que a vida é bela — mesmo quando nos parece dura, mesmo quando nos fere, mesmo quando nos parece um jogo perdido —, porque ela tem um sentido.
Tudo por Jesus, nada sem Maria.